«Somos chamados ao trabalho desde a nossa criação. Ajudar "pessoas em situação de pobreza", deve ser sempre um remédio provisório. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho» Laudato Si: página 88.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Vida de Ozanam (VI)

Vida de Ozanam (VI)

Primeiro Regulamento da Sociedade de São Vicente de Paulo

As actividades da Conferência de Caridade estavam praticamente definidas. Sua expansão, porém, reclamava um elemento de orientação e vinculação. Resultou disso a aprovação de um Regulamento em 1835, no qua1, pela primeira vez, se estabeleceu a qualificação da obra como “Sociedade de São Vicente de Paulo”. Sua elaboração coube a Ozanam e Lallier, tendo Bailly escrito o preâmbulo, denominado “Observações Preliminares”, reproduzidas sempre em todas as edições, mesmo as publicadas em outras línguas.


Doutorado em Direito e a Primeira Conferência em Lião

Embora obrigado a doutorar-se em Direito, para satisfação dos pais, Ozanam lançou-se na conquista da licenciatura em Letras e conseguiu em 2 de maio de 1835, “o bendito Diploma”, caminho para o doutorado. Em 30 de Abril de 1836 defendeu a tese para doutorado em Direito, conquistando seu diploma, com capacidade para incumbir-se do ensino superior. Pouco se alegrou com esse título, que via como “corda no pescoço” , conforme declarava aos amigos. A família de Ozanam preparou-se para recebê-lo festivamente, oferecendo-lhe óptimas instalações para seu escritório de advocacia e ele mesmo não escondia sua alegria, por poder dizer à sua mãe que ela o recebia intacto de coração e de inocência, como quando partira. Como para exercer a profissão precisava esperar quatro meses, Ozanam procurou fundar nesse interim, a primeira Conferência de Lião, contando com a colaboração de antigos companheiros de Paris.

Graças a Ozanam, auxiliado pelo Barão Chaurand, antigo confrade em Paris e grande fazendeiro, Lião teve a dita de ver funcionar a primeira Conferência fora de Paris, embora enfrentando grande oposição dos tradicionalistas, que usaram, na frase de Ozanam, “mesquinharias, aleivosias, vilanias, argúcias e minúcias, de que são capazes essas gentes”. A tenacidade e o esforço de Ozanam e dos companheiros venceram as resistências, passando de cem os confrades, donde a necessidade de dividir aquela Conferência.

A Sociedade, em Lião, podia apresentar-se como modelo, tomando rumos pioneiros. Socorria cem famílias, dando-lhes assistência médica; atraía confrades e assistidos à prática dos Sacramentos; organizou círculos de estudos para militares, preparando-lhes uma biblioteca com uma escola, tendo confrades por professores; acertava reuniões domingueiras na igreja para prelecções do Vigário. Essas actividades mereciam aprovação da autoridade eclesiástica e bênçãos do Arcebispo. E de tudo era enviado Relatório a Paris.

De Lião Ozanam acompanha os trabalhos da Sociedade em Paris

Mesmo ausente, Ozanam acompanhava com solicitude as actividades das Conferências de Paris. Escrevendo a Lallier, colocava-lhe nos ombros a responsabilidade pelo funcionamento da sociedade: “Depois de Bailly, você é a alma da Sociedade. De você dependem a união, o vigor, e a duração da obra” .Recomenda a publicação da “Circular” para remessa aos confrades com o Relatório anual. Incita-o a assistir às reuniões dos Conselhos, não negligenciando na correspondência.

O que mais recomendava Ozanam aos confrades parisienses era a manutenção do espírito de humildade, virtude primeira, tão exigida por São Vicente de Paulo. Manda preferir a obscuridade à prosperidade, afastados o orgulho colectivo, louvores dos próprios actos, elogios descontrolados e sobretudo a publicidade “que seria nossa morte” .Destacava a necessidade de religar todas as Conferências entre elas, tendo Paris como centro, preparando, assim, o estabelecimento dos Conselhos Particulares e Centrais.

Ozanam perde seu pai

Sem entusiasmo e sem alegria, prestou Ozanam juramento de advogado no Foro de Lião, em Novembro de 1836. Seus primeiros contactos com alguns clientes foram desanimadores. Não tinha disposição para andar atrás de causas. Só se sentia bem defendendo o interesse dos pobres. Não com pactuava com certos arranjos que “degradavam a justiça”, na qual ele queria ver “o último asilo moral, o último santuário da sociedade presente” .Aquela forma de vida “irritava-o, deixava-o profundamente ulcerado”.

Consciente de que não dava para as lides judiciárias, Ozanam começou a pensar na ocupação da cadeira de Direito Comercial, cuja criação vinha sendo reclamada pela Câmara de Comércio de Lião. Mas, para tanto, era indispensável muito trabalho junto ao Governo. Estando a solução final em Paris, para lá se dirigiu Ozanam em 1837, confiante no prestígio de Jean-Jacques, filho de Ampère. As coisas iam bem encaminhadas, quando recebeu catastrófica notícia: Seu pai agonizava.

De Paris a Lião gastou Ozanam três dias, não tendo alcançado o enterro de seu amado pai, falecido em 12 de Março. Morreu no exercício da Caridade, quando, descendo uma velha escada, após socorrer um pobre, escorregou, fracturando o crânio. Apesar da velhice, mantinha essas escaladas, no que era também acompanhado às ocultas pela esposa. Apesar de se prometerem cessar tão arriscadas visitas, continuavam a fazê-las, muitas vezes um pilhando o outro na quebra da promessa feita.

 A dor de Ozanam foi inconsolável. Escrevendo a Jean-Jacques Ampère, cujo eminente pai falecera há pouco, Ozanam enaltecia as superiores virtudes daquele que lhe formara o carácter e que “se não era ilustração de primeira ordem, pelos seus trabalhos e suas virtudes se fez estimado e amado de todos, no serviço dos quais morreu” . O pai de Ozanam era o apoio do edifício doméstico e sua morte significava o desmoronamento do lar.

Com a morte do genitor, Ozanam iria assumir a obrigação de manter a mãe viúva e continuar a educação do irmão casula Carlos. O outro, padre Afonso, não lhe seria pesado. Apesar de bem situado na vida, o extinto pouco deixara, pois grande parte da clínica era gratuita, destinada aos pobres. Coube, assim, a Ozanam assumir todos os encargos da família, sem rendas suficientes, pois da advocacia, pouco lucrava.

Doutorado em Letras é nomeado Professor de Direito Comercial

Entregue ao trabalho profissional, ocupado ainda com aulas particulares, Ozanam, apegado ao desejo de conseguir o Doutorado em Letras, não cessava de estudar, preparando duas teses, uma em latim sobre poetas da antiguidade e outra em francês sobre a Divina Comédia e a Filosofia de Dante. Para imprimi-las e defendê-las, viajou a Paris em Dezembro de 1838, temeroso, pois deixava a mãe enferma. As teses de Ozanam “foram geradas e nutridas na dor”.


88 Verdadeira multidão lotava o anfiteatro da Sorbona, quando, a 7 de Janeiro de 1839, Ozanam defendeu suas teses. Velhos professores, sábios e eloquentes, interrogavam o jovem examinando, que empolgou examinadores e assistentes, manifestando estes vivos aplausos. O Ministro da Instrução, Victor Cousin, não conteve seu entusiasmo, exclamando: “Senhor Ozanam, sua eloquência nunca foi superada nesta faculdade”. Este formidável êxito repercutiu em Lião, onde o Conselho Municipal o nomeou Professor de Direito Comercial.

sábado, 28 de dezembro de 2013

2014 Ano de Novos Desafios!

Feliz Ano Novo 2014

Daqui a dias termina o Ano 2013 e na viragem para o ano novo 2014 eu, em nome do «Conselho de Zona Gaia Norte da Sociedade São Vicente de Paulo», desejo a todos os vicentinos um Novo Ano cheio de alegria, saúde, boas perspectivas na resolução dos problemas sociais, económicas e da falta de felicidade estampada nos rostos em cada um que visitemos. 

Neste novo ano apresenta-se novos desafios sendo necessário esperança na resolução dos problemas. 
Como nos disse o novo Papa Francisco será necessário ter em conta algumas novas atitudes no desafio: «Empatia-Humildade-Exemplo-Comunicação-Optimista-Servidor-Sorrisos e sentido de humor-Respeito palas diferença-Cooperação mútua e amor ao próximo e por último-Inspiração. 
Se te deparares com algumas dificuldades para, apresenta o problema a Deus e espera que ele te diga como agir… 

A igreja precisa de vós todos, sem excepção, em cada função que estão encarregados deixaria uma mensagem já por vós conhecida, de São Vicente de Paulo: “Se dez vezes ao dia visitardes os pobres, dez vezes ao dia encontrareis Jesus Cristo.” 

Termino dirigindo-me aos Jovens vicentinos, não tenhais medo de fazer Caridade, Jesus Cristo é leal, amigo e companheiro e estará sempre à vossa espera que lhe faças uma chamada. Pega no telemóvel, no twitter ou vai ao facebook e liga-lhe, liga-lhe já!

PAZ E BEM



segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Vida de Ozanam (V)

Vida de Ozanam (V)

Cresce a Conferência de Caridade

Na Conferência de Caridade, pretendiam os fundadores mantê-la restrita entre eles, unidos pela amizade para a caridade. A admissão de estranhos poderia esfriar o ambiente e destruir a intimidade reinante. No entanto, havia fora alguns colegas vivendo a mesma fé, que podiam ajudar sendo ajudados. Entraram assim novos confrades -La Noue, Le Prevost, Hommais, Pessoneaux, Chaurand -subindo a 15 no verão e a 25 no outono de 1833, sendo 18 deles propostos por Ozanam.

A Sociedade alargava seus serviços aos pobres, atendidos tanto na miséria do sustento como na da alma. Semanalmente realizavam os confrades suas visitas, fazendo-se notados a ponto de organizações do Governo solicitarem-lhes a colaboração, assistindo jovens delinquentes, prisioneiros; a própria Irmã Rosalie ia procurá-los para ensinar operários a escrever. Alegrava-os mais o apoio do Padre Fandet, seu vigário, a quem comunicavam seus trabalhos e que lhes trouxe os aplausos do Arcebispo.

Nasce a Sociedade de São Vicente de Paulo sob a protecção da Virgem Maria

Desde a fundação, a Conferência se colocara sob o patrocínio de São Vicente de Paulo, santo francês muito popular, chamado mesmo de “Pai da Pátria” Em sessão de 4 de Fevereiro de 1834, Le Prevost lembrou que adoptassem não só o patrocínio mas o título de São Vicente de Paulo para a Sociedade, com sua invocação nas orações oficiais, e solene celebração de sua festa. A proposta mereceu aprovação sob aplausos. Estava baptizada a Sociedade.

Ozanam, grande devoto da Mãe de Deus, concordando com o patrocínio de São Vicente, sugeriu, recebendo aprovação, que fosse a obra colocada sob a protecção da Virgem Maria, acrescentando-se a Ave-Maria às orações e comemorando-se uma de suas festas. Aceitaram a da Imaculada Conceição, adoptando a Sociedade duas festas no ano. A decisão é tanto mais para destacar, pois somente em 1854 foi proclamado pela Igreja o dogma da Imaculada Conceição.

Bacharel em Direito

Após submeter-se aos exames para licenciamento em. Direito, Ozanam recebeu o Diploma de Bacharel, em 15 de Março de 1834. Dominado por justificada satisfação, apressa-se em transmitir o acontecimento à sua mãe, com a exclamação em carta: “Eu, Bacharel!” E acrescenta: “A Senhora já pensou nisso?” Mas acrescentava em seguida: “O título de Bacharel não é, porém, grande coisa”. Isso porque precisava conquistar ainda o doutorado em Direito, profissão que não lhe agradava.

O Bacharel Frederico Ozanam chegou a Lião para gozar as férias com a família, no feliz: ambiente doméstico, desfrutando o calor da amizade paterna, as delícias do aconchego materno, os conselhos do irmão mais velho e a satisfação do casulo. Não esquecia Paris, no entanto, sobretudo os camaradas vicentinos, a bonomia de Bailly, e as sessões da Conferência. Foi com alegria que recebeu consentimento do pai para retornar a Paris e preparar a tese para o Doutorado.

Divisão da primeira Conferência de Caridade

No dia 23 de Abril de 1834 Ozanam atingia a maioridade. Encara os 21 anos com toda a seriedade, voltando seus pensamentos para Deus e para a morte -”esses dois companheiros que sempre nos acompanham”. Começava a obrigação de jejuar. Continuava a enfrentar as tentações do mundo e ainda mais as maldades dos colegas que o tachavam de carola. Via em tudo provações que deveria dominar para ser mais útil ao serviço de Deus.

Em Novembro de 1834 chega Ozanam a Paris. Iria coroar com grau superior seus estudos jurídicos. Teria que enfrentar dura luta com estudos e trabalhos vicentinos, sem esquecer a Literatura. A divisão da Conferência, já tão numerosa, era, a seu ver, uma questão de sobrevivência daquela obra. Levar o Pe. Lacordaire ao púlpito de Notre Dame para instalar uma apologética consoante com a época, era outra meta a atingir. Ozanam enfrentaria tais obstáculos com pertinácia.

O número de confrades aumentava tanto que, em Dezembro de 1834, era 100. Isto criava sérios inconvenientes, entre outros, o alongamento das sessões com os relatórios das visitas aos assistidos. Ozanam vinha insistindo, desde abril, na divisão da Conferência, sendo repelido por alguns que argumentavam a impossibilidade de Bailly presidir mais de uma sessão, o que faria perigar a novel sociedade. Na volta das férias, retomou o problema com decisão.

Como persistisse a oposição de alguns, inclusive de La Taillandier, que chorava ao pensar no caso, Bailly designou em 31 de Dezembro uma comissão para tratar do assunto defendido por Ozanam. As divergências iam promovendo o tumulto, quando soou meia-noite. Bailly pediu que se abraçassem no novo ano, e confiassem a ele a decisão final. Todos concordaram mas só a 24 de Fevereiro de 1835 Bailly procedeu à divisão da Conferência em duas secções.

Admitida a divisão, começaram a surgir novas Conferências, todas, porém, sob a presidência de Bailly, “o Pai Bailly”, guarda das tradições, mas tendo Ozanam como a alma daquela dispersão, acompanhando todo o movimento. Ele tinha em vista a santificação pessoal dos confrades e especialmente a preservação moral e religiosa da juventude académica. Nesse sentido. pensava na melhor forma de levar Deus à inteligência e ao coração dos moços. A solução seria o Padre Lacordaire.

Arcebispo finalmente permite a realização de conferências em Notre Dame

As ocupações dos jovens estudantes na Conferência não os impediam de cuidar dos meios para formação cristã dos intelectuais, especialmente no combate ao ensino ateu na Sorbona. Voltaram, então, a insistir junto ao Arcebispo pela realização de conferências em Notre Dame, a cargo de Lacordaire. Embora preferindo outros, D. Quélen designou, afinal, este sacerdote. Assim, a 8 de março de 1835, Lacordaire obtinha retumbante êxito, atraindo uma grande multidão desejosa de conhecer as verdade eternas.

A insistência de Ozanam pela escolha de Lacordaire fundamentava-se nos insucessos de oradores precedentes naquele púlpito. E o Arcebispo, que tanto relutara ante seus apelos, vibrou de entusiasmo vendo o templo inteiramente lotado pela fina flor da intelectualidade francesa, chamando o ilustre sacerdote “consolação e alegria de seu coração” Ozanam convidava colegas e professores, e, para lhes garantir lugares, chegava duas horas antes na igreja, a fim de reservá-los, agradando assim aos retraídos.
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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Santo Natal "Toda Família Vicentina"

Santo Natal a todos os Vicentinos e Vicentinas de Portugal e pelo Mundo.

Que a "Paz do Senhor" esteja sempre convosco


Votos do Presidente do Conselho de Zona Gaia Norte da
Sociedade São Vicente de Paulo

PAZ E BEM

domingo, 15 de dezembro de 2013

Ordenação Díaconal filho de uma vicentina Vilar Andorinho

Foi no dia 14 de Dezembro na Igreja da Sagrada Família Vila d'Este, pelas 19 horas que foi Celebrada a Eucaristia em que o Diácono Permanente José Luís, deu início ao seu ministério.
A importância deste acto a que o Conselho de Zona Gaia Norte esteve representada,e pelo facto de ter sido ser filho de uma vicentina. A SSVP ficará mais rica e a caminho de mais um convite feito ao José Luís ao serviço. Que seja em favor dos mais pobres. Na homilia lida pelo Diácono fez um resumo do Evangelho Mateus, (11,2-11). Nos fala de São João Baptista estado na prisão ouviu falar da obra de Jesus Cristo, manda alguns discípulos para lhe perguntar:«És Tu aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro? Jesus adivinhando que na mente dos outros poderia haver dúvidas quem ele era manda dizer a João: «Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: cegos recuperam a vista, paralíticos andam, leprosos são curados, surdos ouvem, mortos ressuscitam e aos pobres se anuncia a Boa-Nova. E feliz de quem não se escandaliza a meu respeito!». 
Aproveito a minha presença tomar conta de algumas partes que transcrevo aqui, algumas partes da homilia dita pelo Diácono José Luís, dizendo em alguns minutos  em certa altura as leituras dizendo: As leituras desta missa são uma introdução ao Natal mas, festejar o Nascimento de Cristo implica que todos os homens e mulheres o recebam. É importante que nos perguntemos: - Estamos mesmo interessados em anunciar Jesus?. Ajudar os que sofre, Evangelizar os pobres?
vivemos um tempo que parece que os homens e mulheres não tem cede de Deus. Mas qual é o Deus que nos chama?
como Cristão que se propõe dar-se ao Reino e serviço de Deus, manifesta o seu testemunho dizendo:

- Já todos me conheceis.
Foi entre vós que me formei e devo à nossa comunidade paroquial todas as alegrias. Agradeço aos meus pais; Jorge e Irene que me apresentaram Jesus. E a outras pessoas como a sua catequista e a todos que o ajudaram a descobrir Jesus.
Agradece também a sua esposas e filhos.

eu sei o que deixei mas não sei o que vou encontrar, mas conto com as vossas orações e fraternidade.
O nome Diácono tem origem na Grécia que significa Diaconia, que significa serviço. O Diácono surge inicialmente no tempo dos apóstolos como auxiliar na caridade. O 1º diácono fora nomeado pelos apóstolos porque era para acudir as necessidades do povo e anunciar a Boa Nova. São Estêvão foi o 1º diácono e o 1º a sofrer.
A terminar diz ainda: - Sou pequeno, sou pecador. Prometo pelo menos não atrapalhar, (sorriso). Vou procurar escutar mais e falar menos. Servir mais do que ser servido. estarei disponível para o que precisares de mim e estar atento ao sinal do Espírito Santo. Rezai por mim. Obrigado. 

sábado, 14 de dezembro de 2013

Vida de Ozanam ( III )

Vida de Ozanam (III)

O início da amizade com Lamache

Noutra feita, na Escola de Direito, um estudante prestava atenção à atitude séria de Ozanam e procurou conhecê-lo. Encontrando-o na saída da igreja de Santo Estêvão, alegrou-se por sabê-lo católico. E propôs serem amigos. Era de Goy.
Outro católico, filho de médico e segundanista de Direito, aproximou-se de Ozanam, estendendo-lhe a mão. Era Lamache. Outros apareceram mas somente três mosqueteiros permaneceriam na futura arena vicentina: Ozanam, Lallier e Lamache.


Ozanam combate à irreligiosidade dentro da Sorbona

O pequeno grupo crescia, movido pelo mesmo fim: Defesa da Religião em face da irreligiosidade audaciosa e triunfante. O anticristianismo dominava raivoso na imprensa, em comícios, na Sorbona, nesta principalmente, com a agravante de sofrerem ataques violentos os estudantes católicos. Com a arregimentação dos mais dispostos, Ozanam organizou a reacção, em defesa da causa de Deus, mostrando ainda que se pode ser católico e amar ao mesmo tempo a religião e a liberdade.

As escaramuças iam-se transformando em combates, como escrevia Ozanam a Falconet. Num dos principais, a turma enfrentou Jouffroy, proeminência do ateísmo, verdadeiro semeador de ruínas: as da fé e da razão. Numa aula sua atacou a Revelação. Um dos colegas de Ozanam refutou aquele disparate em carta, pois os alunos não podiam contestar o professor. Jouffroy ofereceu resposta vaga, o que levou o estudante a mandar-lhe nova carta, a que ele não ligou.

Não se conformando com o ostensivo desprezo do professor, Ozanam e companheiros redigiram um protesto em regra, que ele se viu compelido a ler perante mais de duzentos alunos, que escutaram respeitosamente aquela inusitada profissão de fé católica, e, mais ainda, (a retractação de Jouffroy, declarando que jamais pretendera desfigurar o Cristianismo, pelo qual tinha alta veneração e que iria esforçar-se, daí por diante, para não mais atacar as crenças dos alunos.

Não fazia seis meses que Ozanam iniciara seu Curso de Direito e já conseguira transformar, de modo impressionante, o ambiente da Sorbona, com os ataques à religião menos violentos e os professores mostrando-se mais moderados na sua linguagem. E o próprio Jouffroy foi amortecendo seu ateísmo militante, a ponto de afirmar antes de morrer: “Todos esses sistemas científicos não conduzem a nada!” “Mil e mil vezes um bom ato de fé cristã”

 Ozanam e seus amigos buscam formação religiosa

Ozanam permanecia atento, mas entendia ser necessário maior preparo no tocante à formação religiosa, a fim de se poder enfrentar os adversários. Recorreu, então, juntamente com os companheiros, ao Padre Gerbert, professor de Sagradas Letras na Faculdade Teológica de Paris, filósofo, teólogo, escritor e aplaudido jornalista. E os resultados foram excelentes, afirmando Ozanam que jamais ouviu doutrina mais profunda, exposta para uma assistência em que se misturavam homens célebres com jovens entusiasmados.

Apesar do êxito das conferências do Padre Gerbert, Ozanam pretendia ir mais longe, sair daquele recinto fechado para um lugar mais amplo e capaz de atrair auditório ainda maior. E foi lembrada a grande nave da igreja de Notre Dame, ideia por todos aceite. Mas faltava a aprovação do Arcebispo D. Quélen, que recebeu com agrado a sugestão, acrescentando ter o pressentimento de que “algo de grande estava em preparo”. Mas nada decidiu.

A demora do Arcebispo em resolver o assunto enervou os jovens estudantes. Resolvem fazer nova investida com petição de 200 assinaturas, entregue por Ozanam, Lallier e Lamache. A dificuldade era encontrar um orador sacro, à altura do cometimento. Vários nomes foram sugeridos, mas sem as necessárias qualidades para a importante missão. O célebre Padre Lacordaire era o candidato dos jovens, porém “certos acontecimentos impediam sua aprovação pelo Arcebispo. Assim, o melhor era esperar”.

As Conferências de História

Enquanto o Arcebispo de Paris não resolvia a realização de conferências em Notre Dame, Ozanam e companheiros procuravam manter aceso o movimento de renovação do espírito cristão. Falaram-lhes da existência da “Sociedade dos Bons Estudos”, dirigida por eminente católico, Bailly de Surcy, que estava em decadência. Mas Bailly teve a ideia de realizar reuniões na redacção do seu jornal “Tribuna Católica”, com conferências sobre literatura, história e filosofia, para elas convidando a juventude cristã.

Acontecia que a “Sociedade dos Bons Estudos” não atendia aos anseios de Ozanam, pois era um cenáculo fechado, embora admitindo alguns jovens católicos ou de certas inclinações políticas. Por sugestão. de Ozanam, Bailly transformou aquela sociedade num grupo aberto a quantos desejassem instruir-se nas variadas manifestações do pensamento contemporâneo, passando a chamar-se “Conferências de História”. Em Março de 1833, eram mais de 60, com liberdade ampla para tratar de qualquer assunto.

Vindo a participar das Conferências de História representantes e partidários de todas as opiniões e de várias religiões, os resultados das discussões tornaram-se contraproducentes, tanto mais que se multiplicavam os ataques ao Cristianismo, destacando-se Ozanam com respostas prontas, algumas pitorescas e espirituosas. Os católicos, com maiores conhecimentos religiosos e maior ardor de proselitismo, acabavam sempre vitoriosos, conquistando ainda a amizade dos adversários, pois não usavam expressões violentas.

Entre os que se alarmavam com os possíveis perigos dessa apologética juvenil, desamparada de uma direcção religiosa competente, estava o velho, sábio e prudente jornalista Picot, redactor do “Amigo da Religião” que disse ver nas discussões mais inconveniências que vantagens. Ozanam magoou-se com a observação, sobre- tudo procedendo de “pessoa venerável” , pois esperava apoio para aqueles jovens cheios de coragem na defesa da
Santa Madre Igreja. Sua consciência, porém, ficou abalada, reclamando reexame.

Reunidos os mais decididos batalhadores em casa de Lamache, ficou acertado que se tomassem medidas para evitar surpresas prejudiciais à religião. Mas os receios persistiam, tendo Le Taillandier combinado com Lallier que suas reuniões se fizessem unicamente com jovens católicos, as quais sem controvérsias e disputas, apresentariam melhor meio de realizar boas obras. Como essa mudança de direcção pudesse parecer capitulação, nada decidiram, concordando, porém, em estudar previamente as teses em discussão.

Fundação da primeira Conferência de Caridade

As reuniões continuavam cada vez mais tumultuosas, com provocações dirigidas aos católicos e repelidas por Ozanam, que, no entanto, ficou muito chocado quando um estudante, destacando o cepticismo de Voltaire, declarara: “Vocês têm razão se ficarem no passado, quando o Cristianismo fez prodígios. Mas hoje ele está morto! E vocês, que se gabam do seu Catolicismo, que fazem agora? Cadê suas obras, as obras que provam sua fé e que nos poderiam convencer?”

As palavras do colega atingiram o coração de Ozanam, obrigando-o a concordar com ele, pois só se distinguiam dos camaradas incrédulos pelo palavreado pomposo. Mas, onde estavam as obras de caridade? Como traduzir em actos a fé que defendiam? E concluiu: “É preciso imitar Jesus Cristo quando pregava o Evangelho. Fundemos uma Conferência de Caridade. Vamos aos Pobres!” E começou levando, com Le Taillandier, a um pobre, as achas de lenha que iriam queimar no inverno.

Narrando este episódio; dizia Lamache que Ozanam, com olhar triste mas cintilante, e voz levemente trémula, traduzia as profundas emoções da alma. Passando da palavra à acção, Ozanam, Lamache e Le Taillandier procuraram Bailly, a quem externaram seus intentos, recebendo apoio imediato, sugerindo, porém, que fossem consultar o Padre Olivier, pároco de Santo Estêvão. Este achou melhor, em vez de obras, realizar o ensino do Catecismo a crianças pobres. A solução não convinha.

Voltando a Bailly, os três moços explicaram que preferiam uma caridade manual, com visita aos pobres. A esposa de Bailly participava de uma “Sociedade de Boas Obras”, para ajudar indigentes. Mas entendia que aquilo era tarefa para moços. E foi lembrando disso que Bailly, grande devoto de São Vicente de Paulo, se dispôs a colaborar na organização de uma sociedade para amparar famílias necessitadas. Era preciso, porém, saber que famílias seriam visitadas.

Admitida a ideia, resolveu-se dar à organização o nome de “Conferência de Caridade”, para distingui-la da “Conferência de História”. Achou Bailly, entretanto, muito reduzido o número de quatro pessoas para as tarefas visadas. Ozanam indicou Clavé e Devaux, que aceitaram, subindo a sete os fundadores. Bailly ofereceu a redacção da “Tribuna Católica” para sede, ficando assim organizada a obra que iria ver no pobre a pessoa de Cristo, segundo o Evangelho.

Não tendo havido cuidado em registrar o dia do nascimento da Conferência de Caridade, não há certeza sobre a data de sua fundação. Por outro lado, ninguém admitiu ser apresentado como principal fundador. Ozanam apontava ora Bailly, ora Le Taillandier como “o primeiro autor de nossa. Sociedade”, enquanto Lamache entendia que ninguém merecia este título. Após o falecimento de Ozanam membros da primeira Conferência de Paris apontaram-no como a alma do movimento.

Cinquenta anos depois, Lallier, Lamache, Le Taillandier e Devaux, ainda vivos, ofereceram um Depoimento sobre as Origens da Sociedade, apontando como seus fundadores Bailly (Manuel José), com 40 anos; Lamache (Paulo), 22 anos; Clavé (Félix), 22 anos; Le Taillandier (Augusto), 22 anos; Devaux (Júlio), 21 anos; Ozanam (Frederico), 20 anos; Lallier (Francisco), 19 anos. A parte Bailly, nenhum deles pertencia a qualquer associação religiosa ou política e eram estudantes de Direito, salvo Devaux, que cursava Medicina.


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Vida de Ozanam ( IV)

          Vida de Ozanam (IV)

A Primeira Sessão

Assentados os fundamentos da nova empresa, realizou-se imediatamente a primeira sessão, presidida por Bailly, provavelmente a 23 de Abril de 1833, após invocação ao Espírito Santo, e leitura piedosa, extraída da “Imitação de Cristo”. Adoptou-se, então, como obra fundamental a visita a famílias pobres nos domicílios, não devendo os socorros ser dados em dinheiro, mas em “vales” para desconto em determinados fornecedores. Esse plano vem sendo reproduzido até hoje, ainda que com modificações.

Aceito o programa estabelecido, cumpria encarar seu desempenho, a começar pelas reuniões e pela obtenção dos indispensáveis recursos. Estabeleceram-se sessões semanais, contribuindo cada membro com o que pudesse, sem que um soubesse a quantia dada pelo outro. Porque, afinal, o objectivo da obra, conforme Bailly, era menos de beneficência do que de moralização e de confraternização, tendo em vista os pobres e os que iam assisti-los. São Vicente de Paulo foi designado como protector.


Apoio das Filhas da Caridade

Estabelecido que os socorros às famílias assistidas seriam em “vales”, surgiram dois problemas: como escolher essas famílias e como organizar a respectiva assistência. Reconhecendo sua inexperiência no caso lembraram-se de recorrer à célebre Irmã Rosalie, Filha da Caridade, Congregação fundada por São Vicente de Paulo, e que presidia uma organização de assistência à pobreza no bairro de Mouffetard, podendo-se conseguir dela uma lista de famílias necessitando de receber auxílios.

Acontecia que Jules Devaux, aliás indicado Tesoureiro da nova obra, conhecia Irmã Rosalie, por ter sido representante da rua Epée-de-Bois junto à religiosa, cuja acção caritativa enchia toda Paris. Ela prodigalizou-lhe a melhor acolhida, encorajou a acção dos jovens, orientou-os, entregando-lhes uma lista de famílias a visitar, fornecendo também “vales” para carne e pão, visto que a Conferência ainda não emitira os seus.

As Primeiras Visitas

Escolhidas as famílias a socorrer, cada “confrade”, pois foi esse o título que se deram, trataram de pôr mãos à obra. Era de ver o entusiasmo com que se entregaram à tarefa, descobrindo verdadeiro mundo novo de confraternização cristã. Em contacto com o sofrimento e as misérias humanas, aqueles jovens passaram a compreender melhor o valor da caridade bem ordenada e as palavras de Cristo fazendo do amor ao próximo um Novo Mandamento.

A Ozanam coube assistir um caso de miséria moral acima da material: uma infeliz mulher se matava no trabalho para sustentar cinco filhos; seu companheiro, chegando em casa embriagado, tomava-lhe o dinheiro e ainda batia nela e nos meninos. Ozanam conseguiu separá-la, pois não eram casados, obteve meios para que ela voltasse ao interior com dois filhos, empregando os demais nas oficinas de Bailly. Era a assistência total, exemplo do futuro papel das Conferências.

Audiência com o Papa Gregório XVI

Por iniciativa de seu pai, Ozanam passou as férias de 1833 na Itália, medida prejudicial aos intentos da família, que era vê-lo formado em Direito, enquanto a visita aos centros culturais italianos mais aumentaria no jovem a atracção pela Literatura. O Papa Gregório XVI recebeu João Antonio Ozanam e os dois filhos em audiência particular, apresentados pelo Cardeal Fesch, Arcebispo de Milão. Ao regressar, Ozanam muito sofreu, impedido de seguir sua vocação.

Dedicação ao Curso de Direito em respeito aos pais

Voltando à França, os estudos de Direito o aguardavam, juntamente com os exames para licenciatura como advogado. Era um passo decisivo. Seu pai e sua mãe nem de longe queriam que ele se formasse em Letras,
coisa sem futuro, diziam eles. Por isso o jovem reafirmou, em carta à mãe, juramento de fidelidade ao Curso Jurídico. Apenas pedia que permitissem a consolação de um pouco de literatura para, ao menos, adoçar as amarguras da jurisprudência.

Diante desse juramento, Ozanam empregava oito horas diárias, excepto aos domingos, no estudo do Direito. Ao mesmo tempo frequentava cinco cursos da matéria, praticando ainda advocacia. Via nisso uma loucura, pois sua vontade era escrever sobre outras coisas que não assuntos forenses e não pensar em assuntos de cartório. Ainda dava graças a Deus por lhe permitirem, com a advocacia, praticar a oratória, o que lhe facilitava cultivar a literatura, “mãe da eloquência”.


Apesar de tudo, a escolha de uma carreira o torturava. Ainda chegou a pensar em acumular a advocacia com a literatura. Se pudesse preferir esta, faria o “apostolado das letras, pela pena e pelo ensino. Aliás, de toda parte vinham confirmações a favor das letras, como solicitações para artigos de jornais, reuniões intelectuais, conferências sobre literatura. Não seria tudo isso manifestação da vontade de Deus? Mas a decisão da família estava do outro lado.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Dia 14 de Dezembro todos ao Plenário



CAROS CONFRADES VICENTINOS
DO CONSELHO DE ZONA GAIA NORTE -
SOCIEDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO,
FICAM TODOS CONVIDADOS À FESTA DE NATAL PELAS 15,30 NA SALA DAS CONFERÊNCIAS.

Traga uma pequena prenda de Natal para no fim do Plenário Regulamentar partilharmos uns com os outros.

Nota: por questões de logística até ao dia 8 indique a sua presença.

Conto contigo.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Um agradecimento reconhecido do C.Z.G.N. aos Jovens Vicentinos de São Francisco Assis-Avintes

No rescaldo do passado dia 21 e 22 de Setembro do Encontro Nacional de Jovens Vicentinos em Fátima é importante para este conselho relembrar e agradecer o trabalho realizado, trabalho que teve a participação dos nossos jovens vicentino cujo o seu Patrono São Francisco de Assis de Avintes.

Na oportunidade de podermos estar presente como observador da direcção junto dos jovens ali presente, o que ficou para mim na memória ficou foi o mote lançado para discussão, entre outros, a união entre os vicentinos, a presença, o estar com e através de uma composição de um corpo ali representado em forma de boneco, se não houvesse um coração que pode significar "darmos-nos" incorporados na tarefa não seriamos os mesmos. Para isso foi vincada a frase «união entre jovens» vicentinos. Achei importante dizerem-nos que por vezes vale mais ter um jovem assistir à missa meio ensonado do que este, estar ausente. O momento foi bastante interessante (embora estivesse só na parte final) a importância da unidade, aprendizagem que, os jovens pela sua idade podem fazer na sociedade vicentina, um meio na procura de Deus, na pessoa do mais aflito que é os nossos companheiros desprotegidos. Não precisarei de agradecer a presença deles mas em todo caso por cortesia aqui fica. O meu, o nosso, Obrigado.


Transcrevo: Os «Testemunhos de Jovens da Diocese do Porto», dos Jovens Vicentinos de São Francisco Assis-Avintes, publicado no Boletim Português da S.S.V.P.-Portugal.

JUVENTUDE foi algo que se viu, sentiu, ouviu e viveu em Fátima nos dias 21 e 22 de Setembro! Fátima é um local de fé. Um local de paz, de liberdade e de oração. Mas para nós, Jovens Vicentinos, ainda aprendizes do que é realmente fazer caridade e ser exemplo de Jesus, significou muito mais.
Neste curto encontro com Deus e com a Família Vicentina conseguimos criar uma relação de proximidade com os nossos "companheiros de viagem": jovens que seguem o mesmo exemplo e têm o mesmo objectivo que nós. Neste fim-de-semana, partilhamos ideia, alegrias, estabelecemos novas amizades, reforçamos os nossos laços de verdadeira família Vicentina. Conseguimos reflectir sobre o nosso trabalho, perceber como é gratificante ajudar os outros e que ser vicentino é verdadeiramente partilhar essa virtude: a Caridade. é dar um SIM A jesus, á nossa missão de servir os pobres, sermos discípulos e fazermos parte da rede de serviço ao irmão que mais necessita.
A nossa ligação com Deus foi também engrandecida pela visita que fizemos ao centro Bíblico/Casa dos Capuchinhos, onde tivemos o privilégio de escutar o Frei Lopes Morgado, que nos fez uma curta mas belíssima apresentação Bíblica da Casa. Foi uma experiência muito positiva porque atingiu perfeitamente os objectivos a que se prepôs de união, partilha, amizade, esclarecimento e definição precisa do que é ser Vicentino.
Foi um fim de semana de divertimento e reflexão, mas acima de tudo deu-nos a possibilidade de nos conhecermos melhor e crescermos como grupo que somos. As actividades que realizámos juntos mostraram-nos ainda mais a importância da união e espírito de equipa. Aprendemos a não desistir, a saber perdoar os outros e perceber que as diferenças capacidades e mentalidades não devem servir como motivo de competição, mas sim para se complementarem e resultar num melhor trabalho e, só assim conseguiremos ultrapassar os obstáculos.
  

Foram momentos que acho que nenhum de nós alguma vez irá esquecer e queremos, sem dúvida, repetir, não só com Deus, mas também entre nós como grupo e, JUNTOS mostrar que os jovens têm muito para dar!
Conferência de São Francisco 
de Assis - Avintes.






     

domingo, 1 de dezembro de 2013

A VIDA DE OZANAM ( II )

««O tempo de leitura para este artigo é de 6 minutos»»

Vida de Ozanam (II) 
                                                                                          
Mudança para Paris 

Para tanta juventude, era sublime. Concluído seu curso colegial em Lião, resolveu seu pai enviá-lo, afinal, a Paris, para o Curso de Direito, visto não haver na sua cidade Faculdade para essa formatura. A decisão não agradou a Ozanam, visto como não pretendia as letras jurídicas e receava as tentações da “nova Babilónia” em que se transformara a capital francesa, para onde acorriam reformadores e revolucionários, juntamente com cientistas e gozadores da vida. Confiava em Deus e nos ensinamentos maternos. 
Para aquele jovem de 18 anos, educado em família cristã, Paris se apresentava como “vasto cadáver ao qual se teria de amarrar, tão moço e tão cheio de vida”. E, por isso, dizia, “Paris me deixa gelado, Paris me mata” , ao sentir-se “no meio de uma multidão inepta e sensual”. Honesto e inocente, receava a corrupção e a irreligião
Dominantes naquele “mundo pérfido”, que chamavam Cidade Luz. Essas as primeiras impressões de Ozanam, vendo Paris.
Por indicação de velha amiga de sua mãe, hospedou-se numa pensão ordinária, cujos hóspedes, tanto homens como mulheres sem religião e sem educação, não guardavam conveniências e, sabendo-o católico, dirigiam-lhe gracejos irreverentes, troçando por conservar ele o costume de jejuar. Procurava consolar-se, com lembrança de sua mãe e muita oração.
Felizmente encontrou no Padre Marduel, constante amparo, conselheiro íntimo, servindo- lhe “de pai e mãe”; sem ele “teria morrido de melancolia”. 

A amizade com o destacado cientista Ampère 

Visitando Lião, Ampère, sábio católico, encontrou Ozanam, a quem externou admiração pelo seu trabalho contra Saint-Simon, exigindo que, indo a Paris, o fosse ver . Lembrando-se desse convite, foi ele ter com Ampère, que o recebeu com efusão. Na conversa, Ozanam referiu-se ao desconforto de sua pensão, principalmente à irreligiosidade reinante. Para seu espanto, o sábio, mostrando o quarto do filho em estudos na Alemanha, ofereceu-lhe hospedagem até que este regressasse. 
André-Maria Ampère andava pelos 56 anos e já ocupava lugar destacado no mundo científico. Membro do Instituto, professor de matemática da Escola politécnica e. de Física no Colégio de França, admirado na Inglaterra, Alemanha, Suécia, Bélgica. 
Era o maior nome científico de seu país e do século. Apesar de grande fama era um católico decidido e humilde, ajoelhando-se, rezando contrito na igreja, diante do Santíssimo Sacramento, como o encontrou certa vez Ozanam. 
O jovem, cheio de saudades dos pais, encontrou na casa de Ampère agradável ambiente familiar. Tendo perdido a esposa, o grande sábio era atendido pela irmã, consolado pela filha Albina, orgulhando-se pelos triunfos do filho João-Jacques, que alcançou renome nos meios literários. 
A presença de Ozanam animava de certo modo a casa, e, escrevendo ao pai, narrava como era bem tratado, ficando à vontade na mesa e participando de palestras interessantes e instrutivas. 
Graças à amizade de Ampère conseguiu Ozanam frequentar o Instituto de França, consultando sua maravilhosa biblioteca e conhecendo pessoas célebres. Uma das suas primeiras aproximações foi Ballanche, bom católico, eminente literato, a quem se ligou como a um bom mestre, embora fazendo reservas às suas profecias apocalípticas. Apesar disso, as ideias de Belanche nele influíram, ao afirmar que, malgrado a incredulidade, a Europa guardaria a fé e o Cristianismo não afrouxaria nem desapareceria das nações.  

O encontro com Chateaubriand  

Ozanam aspirava ardentemente encontrar-se com Chateaubriand, autor do “Génio do Cristianismo”. Trouxera carta do cônego de Lião, padre Bonnevie. Encontrou-o quando regressava da missa. Afavelmente acolhido, na conversa perguntou-lhe Chateaubriand se ia ao teatro. Ozanam respondeu que prometera à mãe jamais frequentar teatro, tendo o escritor concluído: “Siga o conselho de sua mãe. Você nada ganhará indo ao teatro e, antes, teria muito a perder”. Isso lhe ficou na memória para sempre. 
A convivência de Ozanam nesse mundo de cientistas, sábios e filósofos era uma preparação para os próximos voos que a jovem águia teria que desferir. A Sorbona o esperava, pois era lá que iria desenrolar-se seu campo de batalha e alcançar suas vitórias. A Sorbona, fundada em 1250 pelo padre Roberto Sorbon, capelão do rei S. Luís, caíra nas mãos de adversários da Igreja. E a tarefa de enfrentá-los ia caber a Ozanam.  

A procura de companheiros cristãos na faculdade


Ozanam viera a Paris, para fazer o Curso de Direito, por determinação paterna, Era preciso iniciar os estudos, o que fez em meados de 1831, a eles dedicando-se inteiramente, não só assistindo às aulas, mas redigindo as lições que acabava de ouvir. Além disso, comparecia às conferências e debates entre advogados, procurando conhecer de perto a prática da exacta aplicação das leis, fosse como defensor, fosse como acusador, desenvolvendo com isso o seu talento oratório. 
Mas Ozanam tinha outras intenções na frequência assídua às aulas e cursos. Ele ansiava por conquistar companheiros para uma tarefa toda especial. Desejava cercar-se de colegas que sentissem e pensassem como ele no tocante aos ideais cristãos e verificar como era “difícil reunir defensores em torno de uma bandeira”. Ele sabia que existiam esses procurados companheiros e já encontrara mesmo jovens que consagravam, embora isoladamente, os mesmos propósitos por ele acalentados. Precisava reuni-los. Aparentemente faltavam a Ozanam qualidades de liderança. Não podia contar com o prestígio da beleza nem com ar autoritário. Mas era a bondade em pessoa, numa simplicidade que atraía simpatias. O que lhe dava mais destaque era a sua vigorosa inteligência e a maneira de agradar quase espontânea. Humilde por natureza, não avançava em intimidades, mas sabia despertar amizades imperceptíveis. Essas qualidades lhe valeram as primeiras aproximações com aqueles que iriam ser companheiros inseparáveis. 
Como não podia deixar de acontecer, foram estudantes lioneses os primeiros a participarem da amizade deOzanam, começando pelo primo Pessonneaux, vindo a seguir Janmot, seu companheiro de primeira comunhão, Velay, Jouteaux, Perriere e Chaurand, que iriam formar na primeira Conferência de São Vicente de Paulo em Paris e depois em Lião. Ozanam via neles aproximar-se a fonte para jorrar o amor, como da aproximação das nuvens nascem raios. Mas ainda não era tempo. 

O início da amizade com Lallier  

A hora das grandes batalhas ia-se aproximando. Um dia, no Colégio de França, o professor Letrone aproveitou uma aula de egiptologia para achincalhar a Bíblia. Ozanam reprovava as injúrias com significativos movimentos de cabeça, tendo notado que outro estudante fazia o mesmo. 
Finda a aula, tentou encontrá-lo, sem resultado. Noutro dia, aquele estudante viu Ozanam num debate com outros colegas, dele aproximou-se. Cumprimentou-o, sendo correspondido, logo travando amizade: Era Lallier.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A VIDA DE OZANAM ( I )

A Direcção do Conselho de Zona Gaia Norte, na auscultação em conversa com vários confrades, tem vindo a sentir por parte deles, alguma necessidade de proporcionar alguns temas que sirvam de formação e informação e reflexão para os mais novos e para recordar aos mais antigos, os objectivos que norteiam a actividade de vicentinos entre si, e na recolha de conhecimentos da vida e obras de São Vicente de Paulo e Beato Frederico Ozanam.
Assim, decidimos proporcionar a todos vicentinos alguns temas retirado do site "Somos Vicentinos" da Vida de Ozanam. Os temas são dezasseis. 

O seu tempo de leitura demorá por volta de 6 minutos.


Vida de Ozanam (I)
Origens

No dia 1º de maio de 1813 era levada à pia baptismal, na igreja da Santa Maria dos Servos, em Milão, uma
criança do sexo masculino, nascida a 23 de abril; tomou, então, o nome de António Frederico Ozanam, quinto filho de João António Ozanam e Maria Nantas, ali residentes, vindos de Lião, na França, de onde haviam emigrado para conseguir trabalho. João António alcançou isso, primeiro como professor e, depois, como médico.
João Ozanam tinha lutado nos exércitos de Napoleão, chegando a Capitão. Muito valente, certa vez,
acompanhado de dois cavalariános, arrebatou seu pai das mãos dos jacobinos, que o tinham aprisionado e o iam condenar à morte.
Inconformado por se ter Napoleão feito Imperador, abandonou a carreira militar, tentando o comércio, sem êxito, falta de habilidade. Mudou-se para Milão, conseguindo formar-se em Medicina, chegando a ocupar a chefia clínica do Hospital Militar da cidade.
Quando os franceses abandonaram Milão, João António regressou a Lião, ali impondo-se facilmente,
conquistando por concurso o cargo de médico da Santa Casa e alcançando grande clientela.
Apesar dessa posição destacada, ocupava-se com a esposa em socorrer os pobres, visitando-os nos seus
casebres e águas furtadas, assim procedendo os dois até muito idosos.
Dos 14 filhos do casal faleceram quase todos na infância, sobrevivendo com Ozanam, Afonso (padre) e Carlos (médico).
O menino Frederico era franzino e doente, o que concorria para aumentar os cuidados que a ele dedicavam sua mãe e sua irmã Elisa, que morreu aos 18 anos. Acometido de tifo, aos seis anos, este à morte, escapando graças à assistência desvelada das duas e a uma promessa a São Francisco de Régis. Essa dedicação recordava Ozanam depois, dizendo “Meus bons pais não me largaram a cabeceira durante 15 dias e 15 noites”.
Como consequeência das atenções de que era cercado, o menino Ozanam apresentava vez por outra atitudes de rebeldia, de que ele mesmo se acusou, escrevendo mais tarde ter sido, pelos oito anos, “colérico, desobediente, e preguiçoso”. Havia nessa confissão algo de exagero, pois, segundo depoimento de seu irmão, padre Afonso,  ele era às vezes intratável, mas, “de pureza angélica, impecável sinceridade e cheio de compaixão pelos sofredores, repelindo o mal e acolhendo o bem”. 

Facilidade nos estudos 

Apesar de franzino e doente, Frederico, desde os primeiros anos, demonstrou inteligência viva, acompanhando, com atenção os estudos os irmãos mais velhos, chegando a repetir integralmente passagens das lições deles.
Aos nove anos entrou para o Colégio Real de Lião, ali despertando sua vocação literária. Ele atribuía essa
inclinação para as letras à influência de sua mãe, auxiliada pela irmã Elisa, “tornando as lições verdadeiro
prazer”. Não esquecia também a influência do pai. Maria Nantas era inteligente e culta, dando aos filhos sólida formação cristã, e isso Ozanam recorda, ao escrever mais tarde, que “foi sobre seus joelhos que aprendi vosso temor, Senhor, e sob seu olhar, o vosso amor”. De sua primeira comunhão conservou suaves recordações, afirmando: “Ó dia feliz! Que minha língua fique pregada no céu da boca se jamais te esquecer!” E acrescenta que todos notaram como ele se tornara modesto e dócil.
No Colégio, Frederico despertava entre seus mestres a maior admiração, distinguindo-se pela facilidade com que aprendia as lições. Destacava-se pelo brilho da inteligência e beleza dos sentimentos. Parecia trazer inatas as centelhas da poesia e eloquência. Ainda não atingira os 13 anos e já compunha em prosa e verso, tanto em francês como em latim, verdadeiras maravilhas. Muitas dessas composições enfeixavam mistérios da vida de Jesus e louvores à Virgem Santíssima.

Dúvidas de Fé

Foi em plena adolescência, que Frederico sentiu turvar-se o céu de sua fé com nuvens perigosas, agitadas pelas rajadas da dúvida religiosa.
Ele pagava com esse tormento o despertar precoce de suas actividades intelectuais. Discutia consigo mesmo, em desespero, os dogmas sagrados, e tinha a impressão de esmagá-los com as mãos. Cercado de incrédulos, que disso se gabavam, perguntava-se por que tinha fé. Com isso torturava-se ansioso.
Embora duvidando, ele confiava em Deus, e, entretanto numa igreja, diante do Santíssimo Sacramento,
prometeu, se alcançasse penetrar a verdade, consagrar sua vida inteira à defesa da fé. E Deus mandou-lhe, em auxílio, o célebre Padre Noirot, que conseguiu, em pouco tempo, segundo o próprio Ozanam, restituir-lhe a solidez da razão bem esclarecida, que a ele aderia, criando raízes, para resistir à torrente da dúvida. Passou à sentir, então, profunda pena dos incrédulos.
Âncora de salvação para a alma atormentada do jovem Frederico, o Padre Noirot era um desses educadores de fina raça, que penetrava com subtileza os pensamentos e dúvidas da juventude, quando esta tentava delinear os segredos do futuro. Professor de filosofia no Colégio de Lião durante vinte anos, procedia como Sócrates.
Gravou forte impressão na jovem e brilhante geração da época.
Ozanam tornou-se seu discípulo predilecto, acompanhando-o em longos passeios por caminhos solitários.

Conclusão dos estudos secundários. 

Aos 16 anos concluiu Frederico Ozanam seus estudos secundários; seu pai que vinha acalentando a ideia de vê-lo seguir a magistratura, colocou-o como praticante no escritório de advocacia de seu amigo, Dr. Coulet.
Embora não gostando da carreira jurídica, pois sua vocação era a literatura, submeteu-se ele aos desígnios
paternos e passou a copiar sentenças ou a ler extensos calhamaço, cheios de fraseologia tabelioa em tudo
imprópria a uma carreira literária.
Ao mesmo tempo em que se esforçava para adaptar-se à rotina das actividades notariais, Ozanam frequentava aulas de alemão e desenho, que lhe sentiam como janelas para o mundo das ideias e das artes. No entanto, fosse no escritório de advocacia ou nas lições de alemão, seus companheiros de trabalho ou de estudos distraíam-se com conversas imorais e ainda procuravam atormentar o jovem com insinuações abomináveis. Ozanam resolveu terminar com aquelas provocações.
Numa ocasião, quando mais se acentuavam as provocações perversas dos companheiros, primeiro no escritório, depois na classe, Ozanam, vencendo sua timidez e sua modéstia, encheu-se de energia e, com palavras incisivas, reduziu o grupo ao silêncio, embora com calma e persuasão. Afirmou sua fé católica e, dentro dessa afirmação, procurou convencer os rapazes de seus erros, sem ofendê-los ou desprezá-los, com isso conquistando a amizade de todos e acabando com as conversas indesejáveis.

Combate ao “Cristianismo Novo”

Depois de 1830 foi Lião invadida pela pregação de uma nova doutrina, intitulada de “Cristianismo Novo”, surgida em Paris, invenção do conde Saint-Simon, que adquiriu muitos adeptos. Nada mais era do que uma deturpação do Catolicismo, transformado em reivindicações económicas e políticas.
Era o surgimento do Socialismo, embora Saint-Simon não tivesse empregado a palavra, adoptada depois pelo economista inglês Roberto Owen. Ozanam, apesar dos seus 17 anos, resolveu combater a investida
sansimoniana.
Sentindo o perigo daquela mistura de Cristianismo com Socialismo, Ozanam escreveu um vibrante artigo
publicado no “Precurseur”, que apoiava a nova religião. Nele, destruía as mentiras do sansimonismo, dizendo: “A História o desmente e a consciência da humanidade o reprova; o senso comum o repudia. Contraditório em seu princípio, seria desastroso, ao mesmo tempo que impossível, no seu final, fazendo recuar para longe o género humano no rumo do progresso e da civilização”.
O artigo, depois enfeixado em folheto com o título de “Reflexões Sobre a Doutrina de Saint-Simon”, alcançou repercussão extraordinária, com elogios exultantes de grandes escritores da época, como Lamartine, Chateaubriand ou sábios como Ampère.
Outro qualquer se teria enchido de orgulho, mas o moço estreante sentia que não era homem de vanglorias mas de encontrar-se a si mesmo, aplicando aos seus actos “a regra do amor: amor de Deus e do próximo”.


domingo, 3 de novembro de 2013

Apoio para Emergência Social em Gaia

A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia colocou à disposição dos municípios e destinada a pessoas com carências especiais um Serviço de Apoio Municipal para Emergência Social.
Ver anuncio.

sábado, 19 de outubro de 2013

Os tempos quererão mudar o homem “situacionista”!

Interrogo-me se será que é o tempo que muda o homem ou será que o homem tenta mudar o tempo.
Alguns saberão que o universo de eventos é percebido por um referencial acelerado segundo a teoria da relatividade. Não irei aqui discutir o universo com pontinhos negros ou a relatividade (pois a minha formação não e cientifica), mas alerta o meu pensamento se será que algo estará a mudar ou será que o tempo força o homem à mudança…
Penso que o texto a seguir tem a ver como o “tempo será o seu mestre” com a postura a forma de abordagem que o Papa Francisco tem colocado desde o seu início papal, às questões da pastoral da igreja na sua forma de estar, comunicar, de caminhar de se identificar com os valores transmitidos nos evangelhos pelos apóstolos, nas palavras de seu mestre: Jesus Cristo.

O Papa tem-nos surpreendido com algumas afirmações “bombásticas”, na igreja que deixa alguns padres e bispos perplexos com as suas abordagens e afirmações dos problemas, melhor dizendo com os seus «apontar caminhos» que a igreja devia ter.
Ainda recentemente na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Brasil, o Papa Francisco aos bispos brasileiros abordava questões difíceis e exigentes do domínio da pastoral, em textos muito fortes.
Sabemos que a primeira encíclica do Papa Francisco intitula-se Lumen Fidei, publicado no começo de Julho, foi escrita principalmente por Bento XVI; Francisco contentar-se-ia acrescentar ma espécie de posfácio. 
Papa Francisco dirigindo-se aos bispos, aborda questões como; a igreja de ser de tal maneira exigente em seus “padrões” que desencoraja um conjunto de pessoas: “ muitos buscam atalhos, porque se apresenta demasiada alta a “medida” da Grande Igreja. Também exigem aqueles que reconhecem o ideal do homem e de vida proposto pela igreja, retraindo a audácia de abraça-la. Pensam que este ideal seja grande demais para eles, esteja fora das suas possibilidades; a meta a alcançar é inatingível”.

Bergoglio não tem medo das palavras e chama a uma igreja de: chata, rígida, fria, centrada no seu umbigo! Nunca Bento XVI e João Paulo II fizeram semelhante autocrítica. 
O Papa não hesita em tocar outro assunto na instituição: o lugar das mulheres. Hesitação do “desempenho das mulheres na igreja. Diz mais se a Igreja perde as mulheres, na sua dimensão global e real, ela corre o risco de esterilidade” A solução passa, segundo o Papa, pelo exercício da maternidade da Igreja, isto é, pelo exercício da misericórdia. “Ela gera, amamenta, faz crescer, corrige, alimenta, conduz pela mão…”

Nas suas alocuções aos bispos latino-americanos, numa reflexão profunda apela a uma verdadeira conversão pastoral, sob a forma de um verdadeiro exame de consciência.
O Papa exorta a uma revolução pastoral mais que administrativa. O Papa denuncia o funcionalismo que “olha para a eficácia” que deixa fascinar pelas estatísticas e “reduz a realidade da Igreja à estrutura de uma Ong”.

Entre muitos “recados”: «A valorização dos leigos na missão». »A confiança no talento do “seu rebanho”». «O bispo deve guiar, o que não é o mesmo que dominar». Ecoando o que vem dizendo desde a sua eleição, o Papa denuncia o clericalismo: “Na sua maioria dos casos, trata-se de uma cumplicidade pecadora: o pároco clericaliza e o leigo lhe pede por favor que o clericalize”
Citação partes de textos escrito por LBoff.
O que tem a ver tudo isto com a Sociedade São Vicente de Paulo? 
Uns dos aspectos que encontro é que a pastoral vicentina é ainda ineficaz, está ainda na incubadora, ainda não nasceu para enfrentar os caminhos a que se nos depara algumas vezes num acompanhamento de um assistido. Encontro alguns medos e receios de se expor ao desagradável nas perguntas e respostas que um pobre nos questiona. Questões que nos põe exigindo que tenhamos a solução de problema, algumas vezes do seu problema pois o que está em causa é, a sua família. As pessoas exigem de nós “que muitas vezes não temos a capacidade de resposta” e não conseguimos ouvir, retirámo-nos. «Dizem que a retirada no campo de batalha é a melhor defesa!..»
Sinto e felizmente não é em todos os casos, graças a Deus, pomo-nos numa posição cómoda de lugar, não damos respostas, não investimos na felicidade do ser humano. O homem em dificuldade sente à sua volta um certo situacionismo. Tudo numa boa. Tudo na mesma. 
Acho que O papa Francisco caiu-nos do Céu e com os seus ensinamentos os tempos irão virar os pensamentos do homem e se calhar estes tempos de poupança de contenção económica, seja o abrir caminhos para uma nova Esperança. É isto que vou sentindo diariamente. Primeiro o saldo de tesouraria e depois o homem…    

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Lenda da Princesa Fátima

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Castelo de Vila de Ourém

Vem correndo de geração em geração que a Princesa Fátima,(1)  ainda mais bela do que jovem, vivendo recolhida no seu alcácer, (2)  foi proposto casamento com o seu primo Abu homem rico e poderoso. Era filha única do emir (3) – e tal privilégio dava-lhe direito a ser tratada como verdadeiro tesoiro. Seu pai temeroso de que a vissem – e maculassem com o seu próprio desejo – os olhos ambiciosos dos cristãos, manda construir só para ela uma torre ricamente mobilado onde Fátima passava os seus dias e noites, tendo por sua companhia as aias. Entre ela a Princesa escolheu a mais velha e a mais fiel, Cadija. Um dia a Princesa manda-a chamar e confidência-lhe que o seu coração estava mais virado para um outro, um cristão, de nome Gonçalo Hermingues (4)  – conta a lenda e a própria História de Portugal - conhecido por «Traga-Mouros», jovem guerreiro, corpulento que tinha como seu rei e senhor “D. Afonso”. Gonçalo Hermingues, forjou um plano para levar a sua Princesa e numas noite de São João, Festas das Luzes, (5)  tal como mandava a tradição entre moirama, formou-se o cortejo pela noite dentro… (6)mas surge-lhes pela frente o temeroso e poderoso seu primo Abu que de princípio leva a melhor mas Gonçalo Hermingues furioso e valente consegue arrebatar das mãos de Abu. A luta tornou-se então aspectos de epopeia e como os seus gritos:

- «Por Santiago, aos Mouros!» (7)  Levantando os braços para os seus companheiros dando ordens de retirada. Agora o grito de combate tinha o som forte duma bandeira que se ergue entre os despojos:


- Por Santiago e rei Afonso! (8) Tomando a sua princesa levando-a consigo e apresentando-a como triunfo a seu amo,  D. Afonso Henriques, embora sendo surpreendidos pelos Sarracenos, que se tinha reforçado para tirar a sua vingança, (9)  - A luta foi curta. curta e terrível.  Terrível e fatal para o rico e poderoso Abu (10) . Diz-se que D.Afonso Henriques felicitou vivamente por mais este brilhante sortida, perguntou que recompensa desejava. Pediu que queria casar com a sua Princesa que el-rei de Portugal acedeu mas exigiu como contrapartida que a Princesa se convertesse ao Cristianismo. Assim se cumpriu. Dali seguiram e como consta a lenda velhinha, a Terra de Fátima, (11) que mais tarde se transformou apenas em Fátima, nome hoje conserva ainda. como prenda de núpcias, El-Rei D.Afonso Henriques ofereceu-lhes a vila da Abdegas, (12) para onde foram viver e em homenagem à linda princesas convertida – Vila de Oureana, hoje transformada na vila de Ourém.

Relembram-se aqui os mais belos versos de Gonçalo Hermingues dedicado à memória da sua amada.

                        Ora vos tinha, ora não,                 
  Mas a outros vos tomava.
             Éreis minha, já não éreis,           
Que em lutas todos andavam,
              Em mil sortes pelejando.             
  Aí de mim, te vejo eu…
      Aguentem-se, companheiros,      
Eu por mim tenho o que é meu.
             Oriana, ai tem por certo              
Que a vida que hei-de viver
          Tudo esqueceu por teu bem         
         E mais ninguém há-de ver!   
    
1) – Fátima – É nome autentico nome mouro, pois já se chamava Fátima a própria filha de Maomé, esposa legitima de Ali, o quarto dos califas. Segundos estudiosos, a dinastia dos Fatimitas derivou do casamento de Fátima, a filha de Maomé, com o seu primo Ali.
2) – Alcácer – Palácio acastelado, no tempo dos Mouros. Neste sentido, também se escrevia alcazar, alcaçar e alcacere todas elas palavras derivadas do termo árabe «el Ksar».
3) – Emir – Chefe mouro. Emir ou amir ou ainda Vali, era o título oficial do régulo ou chefe supremo sujeito ao Califa de Damasco. Dele deriva a palavra almirante.
4) – O Poeta – De facto, estudiosos da época apontam Gonçalo Hermingues, «O Traga-Mouros», como um dos poetas da corte de D. Afonso Henriques.
5) – A Festa das Luzes – Celebrava-se entre a moirama na noite de Junho que correspondia, entre os Cristão, à noite de S. João.
6) – O Cortejo –Frei Bernando de Brito descrevia-o na «Crónica de Cister»: «Os Mouros andavam ocupados nas festas e jogos que costumam fazer em tal dia e na madrugada  antes de romper a manhã, tendo o campo seguro e o rio desocupado de velas contrárias, abrindo as portas da Vila, se saíram ao campo Mouros e Mouras e outros metidos  em batéis se largaram  pelo rio cantando romances e trovas ao mourisco. As Mouras nobres espalhavam umas pelas hortas  com capelas de flores na cabeça acompanhadas de Mouros ilustres».
7) – Por Santiago, aos Mouros – Era nesse tempo o grito de combate dos cavaleiros cristãos.
8) – Por Santiago e Rei Afonso – Outro grito de combate, indicativo da vitória já alcançada, em honra de D.Afonso Henriques.
9) – A Vingança dos Mouros – As crónicas referentes ao temerário feito de Gonçalo Hermingues em registos que o Mouros, depois da primeira derrota,  buscaram reforços atacando os Cristãos, querendo os Sarrecenos vingar-se assim da afronta sofrida.
10) – A Morte de Abu – Frei Bernardo de Brito refere na «Crónica de Cister» «… e quando o capitão viu que um Mouro de cavalo a tomava para se recolher com ela o pôr em salvo: pelo que, largando tudo de mais e pondo as pernas ao ginete, se lançou trás o Mouro com tanta velocidade como um raio, sem bastarem a o deter. Muitos lhes saíram ao encontro, dado com a lança de arremesso lhe podia fazer dano, deixou de lha atirar por não ofender a Moura que levava consigo, pelo que apertou tanto o cavalo, que houve de chegar ao Mouro a quem feriu e matou logo de uma cruel lançada e cobrou a Moura, com a qual se tornou à escaramuça…»
11) -  Fátima – Actualmente Fátima é freguesia do conselho e comarca de Vila Nova de Ourém. Em Fátima há outras lendas como a Lenda da Senhora das Ortigas.
12) – Abdegas – O citado Frei Bernardo de Brito lhe chame «Abdegos», parece que na verdade o primeiro nome da terra foi Abdegas como costa da doação do eclesiástico, feito em 1183, pela Rainha D. Teresa ao mosteiro de Stª Cruz de Coimbra.