«Somos chamados ao trabalho desde a nossa criação. Ajudar "pessoas em situação de pobreza", deve ser sempre um remédio provisório. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho» Laudato Si: página 88.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Haverá o Dia...

Haverá o dia em que escolheremos as coisas
Não apenas pelo que ela nos trará de benefícios
E sim o quanto essa escolha impactará no mundo.

Haverá o dia em que as pessoas irão trabalhar
Não apenas para receber dinheiro
E sim para construir algo, ser útil para a sociedade e para o futuro dela.

Haverá o dia em que o valor das pessoas
Não estará relacionado ao quanto de dinheiro elas têm
E sim as dificuldades que passaram, os riscos que assumiram, a bagagem que conquistaram e os desafios que venceram.

Haverá o dia em que faremos exercícios físicos
Não apenas para ficarmos "bombados"
E sim para sermos saudáveis, corpo e mente.

Haverá o dia em que os filhos ajudarão seus pais
Não por obrigação ou responsabilidade
E sim pelo prazer de materializar através de atitudes a sua gratidão a eles.

Haverá o dia em que a religião e a fé
Não será apenas ir para a igreja e ouvir sermões
E sim fazer o bem, levar amor, otimismo e esperança para as pessoas.

Haverá o dia em que fazer caridade e filantropia
Não será apenas para doar alimentos e produtos de necessidades básicas
E sim compartilhar amor e perceber que praticando isso você recebe muito mais do que doa.

Haverá o dia em que escolheremos maneiras alternativas de se locomover
Não apenas para fugir do congestionamento ou economizar dinheiro
E sim pela preocupação com o ar que respiramos.

Haverá o dia em que escolheremos o carro
Não pela potência do motor ou apenas do conforto que ele proporciona
E sim pelo tanto que ele polui.

Haverá o dia em que escolheremos produtos
Não pela embalagem
E sim pelo conteúdo, o meio ambiente agradece.

Haverá o dia em que sustentabilidade
Não será apenas uma palavra bonita ou algo para poucos
E sim uma forma natural e única de se viver. 

Haverá o dia em que descobriremos que desperdício
É o maior inimigo do futuro
E que o "hoje" faz toda a diferença pro nosso mundo de amanhã.


Quando esse dia chegar você será quem? Quem precisa se adaptar ou quem ajudou a fazer com que esse dia chegasse?
AUTOR: Leandro Tugumi



domingo, 17 de agosto de 2014

Frederico Ozanam: a defesa dos trabalhadores


“Se um grande número de cristãos e particularmente de clérigos, estivessem preocupados com as classes operárias durante os últimos dez anos, estaríamos mais seguros acerca do futuro; e todas nossas esperanças descansam no pouco que foi feito até agora”.
Frederico Ozanam


Frederico Ozanam trabalhou em duas frentes quando se fala do mundo do trabalho:  A Sociedade de São Vicente de Paulo para suprir as necessidades imediatas provocadas pelo empobrecimento das pessoas e reflexões e questionadas em jornais, tribunais e escritos sobre a política que permitia que a industrialização, Revolução Industrial criasse uma classe de gente na miséria e extrema pobreza.

O trabalho da SSVP bem o conhecemos. Falta-nos debruçar sobre seus escritos e pensamentos sobre o mundo do trabalho que influenciou significativamente a primeira encíclica social de 1891 – Rerum Novarum de Leão XIII.
Procurou lutar para que houvesse mais justiça e dignidade junto à classe trabalhadora. Empreendeu os seus esforços sistematizar alguns pontos essenciais nas questões sociais que beneficiassem àqueles cuja situação de vida digna estava ameaçada. Como sabemos Frederico Ozanam que foi contra a revolução de 1848 foi colaborador em dois jornais “Tribune Catholique e um dos fundadores do jornal Ere Nouvelle”.

Para Frederico Ozanam era inadmissível considerar os trabalhadores como escravos, “coisas”, ou como mero instrumentos de lucro para os patrões. Ele, a seu modo, já antevia e apresentava algumas questões que hoje são realidades, como: aposentação, assistência social, associação de trabalhadores, condições dignas do trabalho (ambiente saudável, higiene, segurança…). 

Ele não pertencia à classe trabalhadora, pois era de uma família burguesa. Mesmo assim ele não deixava de ver esta realidade. Escreveu o seguinte numa carta de 1848:
“Devemos trabalhar em favor das classes operárias, amontoados em grandes cidade, pisoteadas (calcadas pelos pés), por um egoísmo que os despreza. Pobres que vivem à margem de uma sociedade que se autoproclama livre e igual”.

Enfim dizia ele:

“ A questão que hoje agita o mundo não é uma questão de pessoas nem uma questão de formas políticas, senão que é uma questão social; é a luta dos que não tem nada e dos que tem em demasia, é o choque violento da pobreza e da opulência que fez tremer sob nossos pés. É nosso dever, de cristãos, de intervir entre estes inimigos irreconciliáveis e conseguir que reine a igualdade enquanto seja possível entre humanos”
transcrição – somos vicentinos

Comentário: hoje passados tantos anos estamos numa nova fase não da era da industrialização mas, na era da liberdade circulação dos capitais, no negócio fácil e lucrativo, das ofertas ao lucro fácil sem controlo sem regras. Ainda hoje sabemos como um poucos anos atrás como se fazia grandes negócios comprava-se barato e vendia-se depois a preços especulativos. Foi o que aconteceu com o imobiliário. Deu-se as “bolhas”. Hoje como outrora os trabalhadores continuam a ser classificados como números, de falta produtividade, da oferta fácil, do convite ao endividamento.
Como disse o fundador da SSVP, é nosso dever, de cristãos de intervir entre estes inimigos irresponsáveis. Não deixemos para os nossos netos a obra que cabe a cada um, com civismo intervir.
Devemos ajudar os nossos irmãos no cuidado das escolhas, tenhamos-os-olhos-bem-abertos para a tentação da gula. Se cada um conta-se num guia “O meu bolso diário” dos gastos que se faz, ao fim de uma semana verificar-mos-ia o dinheiro que gastamos a mais na maior parto, por belo prazer.   




sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Virtudes da Espiritualidade Vicentina

4ª Virtude

Mortificação

Por esta virtude somos interpelados a morrer para nós mesmos. É a virtude que pede que nos entreguemos totalmente, pensemos primeiro nos outros, pensemos especialmente nos Pobres antes de pensar em nós mesmos. Esta virtude educa-nos para o altruísmo em detrimento do nosso egocentrismo.

Assim nos diz São Vicente: "Os santos são santos porque seguem as pegadas de Jesus Cristo, renunciam a si mesmos e se mortificam em todas as coisas" (SV XII, 227).


5ª Virtude

Zelo Apostólico

Podemos identificar o zelo apostólico com paixão pela humanidade. O zelo é a consequência de um coração verdadeiramente compassivo. Trata-se da paixão por Cristo, paixão pela humanidade e paixão especialmente pelo Pobre. O zelo é uma virtude verdadeiramente missionária. Expressa-se em forma de disponibilidade, de disposição para o serviço e a evangelização, mesmo quando as forças físicas já estão decadentes.

Assim sendo, relacionado com o zelo está o entusiasmo, que leva à acção. Podemos entender o zelo como uma expressão concreta do amor efectivo, que é motivado pela compaixão, ou amor afectivo.
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Comentário:
Mortificar não entendo como sacrificar o corpo com o esforço fisico até ao ponto de não poder mais mas, o sacrifício na acção concreta com o Pobre rua-a-rua, porta-a-porta.
Ligarei esta virtude com o zelo apostólico. Ter paixão nas coisas que efetuamos  enquanto serviço ao que nos buscam, que tem a humildade de vir ter com um vicentino e na maior parte das vezes com dificuldade mas que poem acima de tudo a família e os filhos. Quantas vezes sentimos e vimos que as pessoas nestas horas de aflição ficam gratas pela ajuda prestada com uma palavra amiga, saber ouvir em silêncios e esperar que nos pessam ajuda pois passando em defesa do seu ego passam a à humildade. Como dizia SVP se não conseguirmos a confiança do nosso irmão em aflição no seu pedido de socorro, de nada servirá a nossa acção. Deixarei para reverem as cinco virtudes e meditemos.
Sinto que se todos nós lermos linha-a-linha, paragrafo-por-paragrafo, fizermos o firme preposito de cumprir as cinco virtudes temos o céu ganho.  

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Virtudes da Espiritualidade Vicentina

3.ª Virtude
Mansidão

Etimologicamente, mansidão vem de "mansuetude" e manso de "mansus", forma do latim vulgar de "mansuetus". Tem um significado de comportamento aconchegante, familiar, doméstico. conceptualmente, a mansidão se entende como a força, a virtude, que permite a pessoa moderar razoavelmente sua ira e indignação. A razoável, transposição licita da sobrecarga psicológica a um ato de zelo pela glória de Deus, pela justiça ou pelo bem do próximo. 

A mansidão não é agressiva, raivosa, barulhenta. Certamente é uma virtude chave na comunidade. É a virtude que ajuda a construir a confiança de uns nos outros, porque, quando somos amáveis, os que são tímidos se abrirão em relação a nós. Por estas razões podemos dizer que a mansidão é a virtude por demais vocacional, como constatou o próprio São Vicente: "Se não se pode ganhar uma pessoa pela amabilidade e pela paciência, será difícil consegui-lo de outra maneira" (svp,226)
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A mansidão inspira um trato suave, agradável, educado e fundamenta a tolerância, valor este muito importante para a convivência em uma sociedade plural em que o respeito à pessoa e à sua liberdade deve ser uma lei indiscutível.
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Comentário:
Falar baixo sem se irritar, transpor na nossa face um ar de que "Ele o Pobre" sinta que pode contar connosco para falar, e nós sabermos ouvir. Em resultado desta predisposição de sabermos colocar na conversa os nossos bons comportamentos, ganharemos a pessoa que terá muitas coisas para dizer. Se serve para alguma coisa pela minha passagem pela Guiné-Bissau nos anos 70, havia na minha companhia um jovem enfermeiro pelo seu bom trato com os doentes que entravam na enfermaria, foi apelidado por quem lidava mais directamente, de o enfermeiro das meiguices. Ele tinha razão. hoje confesso que com a sua bom trato, pelo seu zelo, com o seu respeito com os doente e muitos eram mulheres que chegavam com "sarna", verifiquei que sentiam-se bem em queixar-se das sua maleitas. Bom exemplo que para mim como vicentino, me serve entre aspas a carapuça. O caminho é o que aponta (svp) ou se ganha a confiança na amabilidade ou então não será com dinheiro que se consiga chegar aos corações dos nossos senhores; os pobres, (svp).

  

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Virtudes da Espiritualidade Vicentina

HUMILDADE 2ª Virtude

São Vicente de Paulo define a Humanidade como a virtude que dá a característica essencial à missão na Pequena Companhia. A humildade é a virtude que nos torna capazes de reconhecer e admitir nossas fraquezas e limitações, criando assim a possibilidade de confiar mais em Deus e menos em nós mesmos.

A humildade ajuda-nos a nos livramos da nossa auto-suficiência, a reconhecermos nossas dependência do amor do Criador e nossa interdependente comunitária. Ao mesmo tempo, a humildade nos capacita para reconhecer nossos talentos, talentos que devem ser postos a serviço das outras pessoas.

É a virtude que permite aos pobres aproximar-se de nós. É a virtude que nos ajuda a ver que todos somos iguais aos olhos de Deus. A vivência desta virtude educa-nos e capacita-nos, em contrapartida, para aproximar-nos progressivamente dos Pobres. Esta virtude nos impulsiona a um processo continuo de inculturação no mundo dos pobres, encorajando-nos a um esforço de identificação com os mesmos.
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Comentário:
Humildade dá a capacidade de reconhecer as nossas limitações, as nossas fragilidades de pecadores, quando julgamos os outros de pobres de incultos. Ao julgar os outros de pobreta estamos a considerarmos-nos; auto-suficientes, temos tudo... o que os outros não tem... e, assim, o nosso julgamento torna-se de certa maneira mais fácil. Hoje, ouvimos constantemente dizer; os pobres por estarem nessa condição não conseguem desabituarem-se da condição que levam, libertarem-se dos hábitos adquiridos, vivem de uma certa maneira fora do seu quadro-de-pobre, afogando-se em mais  um copo, encontrando na bebida o esquecimento da má sorte que lhes caiu em cima. 
Acho que a melhor virtude que podemos dar e testemunho de vida de vicentinos é; compreender, respeitar, e ajudá-los a melhorar o seu estilo de vida que não procuraram mas que o destino lhe saiu ao seu encontro; o desemprego o mal de muitas desavenças familiares. Aqui são os filhos que mais sofrem.
Recentemente uma mãe pediu-me para quando tivesse alguma coisa para lhes dar, não desse ao marido porque não chegava às suas mãos comido ou dinheiro, para o sustento de si e do filho. Está farto do marido...
A virtude na humildade, pode dar-nos a capacidade de colocar-nos lado-a-lado com-o-nosso-irmão-diante-de-Deus. Ponhamos os nossos talentos de vicentinos e de Cristãos ao serviço de Deus. Identifiquemos-nos com eles. Os Pobres são os nossos mestres; dizia SVP.