«Somos chamados ao trabalho desde a nossa criação. Ajudar "pessoas em situação de pobreza", deve ser sempre um remédio provisório. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho» Laudato Si: página 88.

domingo, 17 de agosto de 2014

Frederico Ozanam: a defesa dos trabalhadores


“Se um grande número de cristãos e particularmente de clérigos, estivessem preocupados com as classes operárias durante os últimos dez anos, estaríamos mais seguros acerca do futuro; e todas nossas esperanças descansam no pouco que foi feito até agora”.
Frederico Ozanam


Frederico Ozanam trabalhou em duas frentes quando se fala do mundo do trabalho:  A Sociedade de São Vicente de Paulo para suprir as necessidades imediatas provocadas pelo empobrecimento das pessoas e reflexões e questionadas em jornais, tribunais e escritos sobre a política que permitia que a industrialização, Revolução Industrial criasse uma classe de gente na miséria e extrema pobreza.

O trabalho da SSVP bem o conhecemos. Falta-nos debruçar sobre seus escritos e pensamentos sobre o mundo do trabalho que influenciou significativamente a primeira encíclica social de 1891 – Rerum Novarum de Leão XIII.
Procurou lutar para que houvesse mais justiça e dignidade junto à classe trabalhadora. Empreendeu os seus esforços sistematizar alguns pontos essenciais nas questões sociais que beneficiassem àqueles cuja situação de vida digna estava ameaçada. Como sabemos Frederico Ozanam que foi contra a revolução de 1848 foi colaborador em dois jornais “Tribune Catholique e um dos fundadores do jornal Ere Nouvelle”.

Para Frederico Ozanam era inadmissível considerar os trabalhadores como escravos, “coisas”, ou como mero instrumentos de lucro para os patrões. Ele, a seu modo, já antevia e apresentava algumas questões que hoje são realidades, como: aposentação, assistência social, associação de trabalhadores, condições dignas do trabalho (ambiente saudável, higiene, segurança…). 

Ele não pertencia à classe trabalhadora, pois era de uma família burguesa. Mesmo assim ele não deixava de ver esta realidade. Escreveu o seguinte numa carta de 1848:
“Devemos trabalhar em favor das classes operárias, amontoados em grandes cidade, pisoteadas (calcadas pelos pés), por um egoísmo que os despreza. Pobres que vivem à margem de uma sociedade que se autoproclama livre e igual”.

Enfim dizia ele:

“ A questão que hoje agita o mundo não é uma questão de pessoas nem uma questão de formas políticas, senão que é uma questão social; é a luta dos que não tem nada e dos que tem em demasia, é o choque violento da pobreza e da opulência que fez tremer sob nossos pés. É nosso dever, de cristãos, de intervir entre estes inimigos irreconciliáveis e conseguir que reine a igualdade enquanto seja possível entre humanos”
transcrição – somos vicentinos

Comentário: hoje passados tantos anos estamos numa nova fase não da era da industrialização mas, na era da liberdade circulação dos capitais, no negócio fácil e lucrativo, das ofertas ao lucro fácil sem controlo sem regras. Ainda hoje sabemos como um poucos anos atrás como se fazia grandes negócios comprava-se barato e vendia-se depois a preços especulativos. Foi o que aconteceu com o imobiliário. Deu-se as “bolhas”. Hoje como outrora os trabalhadores continuam a ser classificados como números, de falta produtividade, da oferta fácil, do convite ao endividamento.
Como disse o fundador da SSVP, é nosso dever, de cristãos de intervir entre estes inimigos irresponsáveis. Não deixemos para os nossos netos a obra que cabe a cada um, com civismo intervir.
Devemos ajudar os nossos irmãos no cuidado das escolhas, tenhamos-os-olhos-bem-abertos para a tentação da gula. Se cada um conta-se num guia “O meu bolso diário” dos gastos que se faz, ao fim de uma semana verificar-mos-ia o dinheiro que gastamos a mais na maior parto, por belo prazer.   




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