«Somos chamados ao trabalho desde a nossa criação. Ajudar "pessoas em situação de pobreza", deve ser sempre um remédio provisório. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho» Laudato Si: página 88.

sábado, 16 de janeiro de 2016

O Ato de Misericórdia ao Vivo


Ao consultar a minha página do Facebook, deparei com uma imagem de excluídos a dormir nos bancos de uma igreja. A igreja "Abriu as Portas", durante 24 horas, para albergar esses excluídos.
Algo saltou na minha mente e pensei: porque não fazer isto no Porto?
Mas vou contar a estória:
 - Uma vez, algures em Madrid, mais propriamente na Igreja de Santo António-Madrid, que habitualmente coloca ao serviço dos excluídos as suas instalações, vi que os excluídos da sociedade dormiam nos bancos dessa igreja.
Uma vez que estamos a celebrar o Ano da Misericórdia, Ano Jubilar que foi anunciado e proclamado pelo Papa Francisco, através da Bula "o rosto da misericórdia", e pela abertura solene da Porta Santa, vivendo o Amor de Deus, consubstanciado na Sua misericórdia, seria importante que a Igreja testemunhasse esse amor e marcasse, através de um sinal ou sinais concretos, o ano que estamos a viver.
Na Diocese do Porto, todos os cristãos, através dos movimentos a que pertencem, foram chamados e estão a organizar diversas iniciativas, traçando metas, delineando objectivos, perspectivando caminhos novos. Pela voz do Papa Francisco e pela vivencia da Alegria do Evangelho, todos estão concentrados nos problemas sociais e humanos do nosso tempo e, com certeza todos se empenharão nas periferias existenciais, vendo em todos os homens e muito particularmente nos mais frágeis, abandonados e/ou excluídos a própria imagem de Jesus Cristo. A porta foi aberta, esperando-se que todos possam nela entrar.
Importa também que as portas do nosso coração se abram a todos, através de gestos e bondade, de ternura, de doçura e misericórdia e assim possamos testemunhar verdadeiramente a misericórdia de Deus. Abrindo a nossa porta e ajudando a abrir as portas dos outros. Só assim se entenderá o que somos, pelo que fazemos e testemunhamos. E só assim a misericórdia de Deus se revelará efetivamente e verdadeiramente.
Seria importante também que, para além da abertura de nós mesmos aos outros, pela autenticidade e amor genuínos, se abrissem também por nós e pela Igreja a que pertencemos, todos os espaços físicos que existem, no acolhimento dos mais pobres, transmitindo-lhes, verdadeiramente a autenticidade do nosso amor e a genuinidade dos nossos atos.
Há entre nós vicentinos enfermeiros, médicos, professores e técnicos de vária ordem, porque não reunir todas estes sinergias na ajuda a quem mais precisa? Deus chama-nos a ter atitudes e gestos de misericórdia. Porque não aproveitar este ano de graça? E como o vamos celebrar, indiferentes a quem vive na rua, ao frio e à chuva! Isto é uma razão de fé.
Acreditamos ou não que Jesus se revela preferencialmente nos mais fracos? Se acreditamos e vemos em todos o próprio rosto do Salvador, então porque não actuamos, porque não arregaçamos as mangas, fazendo deste Ano Jubilar um ano marcante, pela partilha de nós mesmos e pela manifestação autêntica da misericórdia, de que Jesus Cristo é o rosto e nós os seus seguidores.

         

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