«Somos chamados ao trabalho desde a nossa criação. Ajudar "pessoas em situação de pobreza", deve ser sempre um remédio provisório. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho» Laudato Si: página 88.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Cuidar do espírito e da nossa salvação

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Cuidar do espírito e da nossa salvação

    A vida moderna é bastante agitada. Casa, trabalho, escola, contas a pagar, banco, reuniões, vizinhos, viagens, celular, parentes, facebook, televisão, computador, internet. São tantos afazeres e tantos atrativos, que às vezes pedimos a Deus que o dia tivesse umas 30 horas, pelo menos. Tudo muito corrido, superficial, descartável e efêmero; as aparências e os bens materiais tomam conta do cotidiano. Festas, bares, reuniões de amigos, carros, roupas…
        É evidente que a nossa existência deve ser plena em termos sociais e económicos; afinal, somos humanos e Deus nos deu uma vida cheia de oportunidades, ao nos conceder saúde, inteligência, disposição e criatividade. Mas, diante de tantos elementos que chamam a atenção do mundo, percebe-se que o tempo para as coisas divinas está cada vez menor. Por isso é tão difícil recrutar novos membros para as Conferências Vicentinas.
        Cuidamos do nosso físico (academias e parques lotados), do nosso intelecto (escolas, faculdades, mestrados), da nossa alimentação, vestuário, habitação, empregabilidade; mas será que temos dedicado tempo suficiente para Deus? Será que compartilhamos com os mais humildes os bens materiais que possuímos? Cuidamos da dimensão espiritual em nosso ser? Reservamos um tempo semanal para a caridade? Observando a sociedade civil que nos rodeia, percebemos que o tempo destinado aos assuntos religiosos, espirituais e santificados se reduz drasticamente a cada geração. A secularização (que ocorre quando a religião deixa de ser o aspeto cultural e agregação da sociedade) e os meios de comunicação contribuíram muito para que só temas sacros fossem substituídos pelo “politicamente correto”, sendo banalizados e tornados sem importância. Os valores da família, por exemplo, foram completamente destruídos e ai de alguém pensar diferente em relação à domesticação que contamina nossas mentes pelas telenovelas!  
        Ao tratar deste assunto, faz-se fundamental criar uma passagem bíblica em que Jesus nos ensina o que, de fato, deve ser o centro de nossas vidas. No Evangelho S. Lucas (capítulo 10, dos versículos 38,42), encontramos a visita de Jesus à casa de marta, que tinha uma irmã chamada Maria. Maria ficou sentada aos pés do mestre para ouvi-lo, enquanto Marta se distraía com as tarefas domésticas. Jesus, ao perceber as reclamações de Marta a respeito da irmã, disse: “Marta, Marta, está ansiosa e perturbada com muitas coisas. Mas uma coisa só é necessária e Mara escolheu a melhor parte, a qual não será tirada dela”.
        Assim como Marta, às vezes estamos tão preocupados co os afazeres diários que não percebemos a “visita do Senhor em nossas casas”, em nossos corações, em nossas vidas. Muitos nem notam ou sentem a presença Dele. Muitos não tem tempo para participar da missa ou receber os sacramentos. Muitos não colocam Deus como prioridade em sua caminhada. Muitos são ingratos com o Pai Celestial e não agradecem por tudo o que têm. Muitos se ocupam demasiadamente do trabalho, ficam estressados e precisam gastar verdadeiras fortunas com terapias e psicólogos.
        Noutro trecho das Escrituras (Mt 6,31-34), Jesus exorta à multidão. “Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o dia do amanhã cuidará de si mesmo. Mas buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e todas essas coisas vos serão dadas”. Primeiro, deus e o espirito; depois, as demais coisas. Jesus nos ensinou o mais importante, isto é, ouvir e seguir as palavras do Salvador; depois, o restante. Lamentável é constatar que a sociedade contemporânea consegue encontrar tempo e atenção para tudo, menos para o Altíssimo. Cuidemos do espirito! Cuidemos da nossa salvação! Cuidemos dos Pobres do Senhor!  
                                                                                                                                 Crónicas vicentinas de; Renato Lima, Cgi

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