6
Cuidar do espírito e da nossa salvação
A vida moderna é bastante agitada. Casa, trabalho, escola, contas
a pagar, banco, reuniões, vizinhos, viagens, celular, parentes, facebook,
televisão, computador, internet. São tantos afazeres e tantos atrativos, que às
vezes pedimos a Deus que o dia tivesse umas 30 horas, pelo menos. Tudo muito
corrido, superficial, descartável e efêmero; as aparências e os bens materiais
tomam conta do cotidiano. Festas, bares, reuniões de amigos, carros, roupas…
É evidente que a
nossa existência deve ser plena em termos sociais e económicos; afinal, somos
humanos e Deus nos deu uma vida cheia de oportunidades, ao nos conceder saúde,
inteligência, disposição e criatividade. Mas, diante de tantos elementos que
chamam a atenção do mundo, percebe-se que o tempo para as coisas divinas está
cada vez menor. Por isso é tão difícil recrutar novos membros para as
Conferências Vicentinas.
Cuidamos do nosso
físico (academias e parques lotados), do nosso intelecto (escolas, faculdades,
mestrados), da nossa alimentação, vestuário, habitação, empregabilidade; mas
será que temos dedicado tempo suficiente para Deus? Será que compartilhamos com
os mais humildes os bens materiais que possuímos? Cuidamos da dimensão
espiritual em nosso ser? Reservamos um tempo semanal para a caridade?
Observando a sociedade civil que nos rodeia, percebemos que o tempo destinado
aos assuntos religiosos, espirituais e santificados se reduz drasticamente a
cada geração. A secularização (que ocorre quando a religião deixa de ser o aspeto
cultural e agregação da sociedade) e os meios de comunicação contribuíram muito
para que só temas sacros fossem substituídos pelo “politicamente correto”,
sendo banalizados e tornados sem importância. Os valores da família, por
exemplo, foram completamente destruídos e ai de alguém pensar diferente em
relação à domesticação que contamina nossas mentes pelas telenovelas!
Ao tratar deste
assunto, faz-se fundamental criar uma passagem bíblica em que Jesus nos ensina
o que, de fato, deve ser o centro de nossas vidas. No Evangelho S. Lucas
(capítulo 10, dos versículos 38,42), encontramos a visita de Jesus à casa de
marta, que tinha uma irmã chamada Maria. Maria ficou sentada aos pés do mestre
para ouvi-lo, enquanto Marta se distraía com as tarefas domésticas. Jesus, ao
perceber as reclamações de Marta a respeito da irmã, disse: “Marta, Marta, está
ansiosa e perturbada com muitas coisas. Mas uma coisa só é necessária e Mara
escolheu a melhor parte, a qual não será tirada dela”.
Assim como Marta, às
vezes estamos tão preocupados co os afazeres diários que não percebemos a
“visita do Senhor em nossas casas”, em nossos corações, em nossas vidas. Muitos
nem notam ou sentem a presença Dele. Muitos não tem tempo para participar da
missa ou receber os sacramentos. Muitos não colocam Deus como prioridade em sua
caminhada. Muitos são ingratos com o Pai Celestial e não agradecem por tudo o
que têm. Muitos se ocupam demasiadamente do trabalho, ficam estressados e
precisam gastar verdadeiras fortunas com terapias e psicólogos.
Noutro trecho das
Escrituras (Mt 6,31-34), Jesus exorta à multidão. “Não vos inquieteis pelo dia
de amanhã, porque o dia do amanhã cuidará de si mesmo. Mas buscai primeiro o
reino de Deus e a sua justiça e todas essas coisas vos serão dadas”. Primeiro,
deus e o espirito; depois, as demais coisas. Jesus nos ensinou o mais
importante, isto é, ouvir e seguir as palavras do Salvador; depois, o restante.
Lamentável é constatar que a sociedade contemporânea consegue encontrar tempo e
atenção para tudo, menos para o Altíssimo. Cuidemos do espirito! Cuidemos da
nossa salvação! Cuidemos dos Pobres do Senhor!
Crónicas vicentinas de; Renato Lima, Cgi
Crónicas vicentinas de; Renato Lima, Cgi
Sem comentários:
Enviar um comentário