«Somos chamados ao trabalho desde a nossa criação. Ajudar "pessoas em situação de pobreza", deve ser sempre um remédio provisório. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho» Laudato Si: página 88.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Dia Mundial dos Pobres


Dia Mundial dos Pobres
19 novembro de 2017

O Papa Francisco celebrará no dia 19 de novembro o 1.º dia Mundial dos Pobres, instituído com a Carta Apostólica «Misericórdia et Misera» na conclusão do Jubileu da Misericórdia.
Conforme a “publicação do desdobrável e retirado do BP mês de julho facultado”, Santo Padre aponta-nos alguns caminhos concretos de apostólicas na Caridade. Entre eles o exemplo de S. Francisco de Assis com simplicidade e amor serviu os pobres e seguido por tantos homens e mulheres pelo mundo.
Nos dias de hoje a pobreza continua a bater às portas de tantas famílias, pela crise económica que mundo atravessa, muitas vezes por falta de empregos inibe o espirito de iniciativas de dificuldades de encontrar trabalho, a exemplo do que nos dizia – Todos os pobres – como gostava de dizer o beato Paulo VI – pertencem à Igreja por direito.
Diz Papa Francisco, nos termos do Jubileu da Misericórdia, convida a Igreja inteira, os homens e mulheres de boa vontade a fixar o olhar e neste dia todos os que nos estendem as suas mãos a pedir ajuda, a nossa solidariedade e a todos independentemente da sua pertença religiosa se abram à partilha.
Na semana anterior ao Dia Mundial dos Pobres – que este ano será dia 19 novembro, as comunidades cristãs, criem “momentos encontro e amizade de solidariedade e ajuda” concreta.
Poderão convidar os pobres e os voluntários participarem junto na eucaristia deste domingo a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo.







quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Dia SSVP 29 outubro no CZGN.

Dia 29 de outubro  o Conselho Zona Gaia Norte, realiza Assembleia Celebrativa e regulamentar Dia da SSVP, vivendo o carisma de São Vicente de Paulo à 400 anos em Fundeville-França e 300 anos através dos primeiros padres da Congregação da Missão em Portugal.
Caro confrades e vicentinos do C.Z.G.N.-Portugal venha participar numa tarde alegre e convívio com os jovens vicentinos.
A direcção falará 5 minutos e dará a palavra aos jovens, aos presentes.




terça-feira, 3 de outubro de 2017

José Joaquim “Sena de Freitas”.

1.º Presidente da Conferência São Luis de Paris-Lisboa

«SENA DE FREITAS» “Padre Vicentino”

Cardeal Patriarca de Lisboa numa deslocação a Felgueiras, norte de país, aborda Padre Sena de Freitas. A casa das Artes de Felgueiras recebeu numa sexta-feira D. Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa, em conferencia de imprensa intitulada “Padre Sena de Freitas, uma figura da Igreja”.
Sena de Freitas, autor uma vasta e multifacetada obra, abrangendo as áreas da teologia, da filosofia, da pedagogia, da literatura e critica literárias, do jornalismo, da politica e da parenética, arguto e especial atenção à história da sociedade portuguesa, excelente orador no «Portugal Contemporâneo» de oitocentos e inícios do Século XX.
Expresso Felgueiras; 07-2016

- Sena de Freitas, de nome completo, José Joaquim Sena de Freitas, nasceu em Vila Franca do Campo, Ponta Delgada, na Ilha de S. Miguel, no dia 21 de Julho de 1840. Filho do historiador Bernardino José de Sena de Freitas e da Maria José de Brito Mascarenhas que faleceu cedo, deixando José Joaquim com três anos apenas sem os cuidados e aconchego maternos, o que terá influenciado o pequeno Sena de Freitas no seu temperamento que se tornou inquieto, ansioso, rebelde até.
Mas logo de pequeno revelou, já na escola, forte personalidade, grande inteligência e ousadia de opinião. Como também logo cedo revelou forte inclinação para a religião, tendo-se tornado, por vontade própria, Menino do Coro da Igreja local, organizando na Ermida de Nª. Sª.  da Vitória, tendo especial satisfação em tocar o sino da Igreja.
Em Santarém fez os seus estudos secundários que veio a concluir no Seminário de Coimbra em 1858, tendo seguido para Paris, aí se instalando em São Lázaro, Casa da Congregação da Missão, fundada por são Vicente de Paulo em cuja mística se deixou mergulhar. Aí concluiu o seu curso de Teologia, tendo feito votos em 1862, embarcando para o Brasil em 1865, onde missionou. Professor em Santa Quitéria, já em Portugal (1878), mas frequentemente doente e sem facilidade de adaptação a uma vida de comunidade, várias vezes pediu demissão de votos, embora tenha ficado sempre em ótimas relações com a Congregação cujo provincial muito o apreciava.
Em Portugal, como professor de um colégio na Estefânia, celebrava missa em Arroios, instalando-se sempre, nas terras por onde peregrinava, nas casas dos Lazaristas. Sena de Freitas, escreveu várias obras do que cita alguns: - O milagre e a critica moderna – No presbitério em no tempo, 2 volumes – Evangelho segundo Renan – Tenda do mestre Luvas (romance) – A carta e o homem da carta – O sacerdócio eterno – A palavra do semeador, 3 volumes – Conversa sobre patriotismo hodierno – discursos – A religião em face da política –
Orações fúnebres: - a José Bonifácio; - a D. Luís I; - ao Conde de São Salvador de Matosinhos.
Também escritos com o titulo: A Alta Educação do Clero; podem consultar os escritos em: http://www.nch.pt/biblioteca-virtual/bol-nch14/n14-20.html com prefácio de D. Manuel Clemente, Cardeal patriarca de Lisboa.
Embora dado às letras, chegara à conclusão que a Caridade estava à frente e acima das letras em que, aliás, fulgurantemente se impunha. Por isso a sua paixão pela mística vicentina. Sena de Freitas nas suas viagens por paris, Londres e aos sertões do Brasil, muitas vezes era um incómodo para Portugal. Não parava. Um dia em Lisboa, outro no Minho. Subia aos paços Episcopais, falava a banqueiros e empresários, a operários ou estudantes. Ora se era aceite, sorria ora se não era aceite insistia nos seus projetos.
Como Vicentino é assim que entra encena e durante as suas viagens e peregrino em missão como padre Lazarista, Sena de Freitas percorreu o País sobretudo no norte, em que não perdeu oportunidade de divulgar o espirito vicentino, nessa zona do País a que tornou mais sensível as gentes cristãs dessas terras.
Ainda em 1859, Sena de Freitas, junto do Padre Miel, trabalhou pela fundação da 1.ª Conferência de São Vicente de Paulo em Portugal – a Conferência de São Luis, Rei de França, fundada em Lisboa; colaborou com o engenheiro Barros Gomes na tradução do velho Manuel da SSVP-sociedade de São Vicente de Paulo.
Em 1877, passando por Braga, aí fundou uma Conferência (a 3.ª em Portugal).
Em 1879, após uma reunião no palacete da Condessa de Azevedo, com 300 presenças, falou de tal maneira sobre a vocação e missão da Sociedade S. Vicente de Paulo, que logo foi fundada no Porto a Conferência da Imaculada Conceição; em Santo Ildefonso a 4.ª Conferência em Portugal.
Em Guimarães, foi violentamente atacado por gente de feição maçónica, porque efetuara uma sessão no palacete do Conde de Vila Pouca e não numa Igreja. Retorquiu que faria a reunião em qualquer espaço, ainda que um barracão, se tivesse iguais dimensões.
Em 1880, passando por Penafiel, aí fundou a Conferência de Nossa Senhora do rosário e, seguindo até Coimbra, nesse mesmo ano, iria fazer nascer aí a Conferência Académica.
Aí começou por procurar D. Manuel Correia de Bastos Pina, o Arcebispo-Conde, que se entusiasmou com a fundação de uma Conferência vicentina para a qual se propôs como Presidente. Sena, compreendeu que o bondoso prelado desconhecia o caráter leigo da sociedade. Abordou então o catedrático Dr. Lino, seu amigo e falou ainda com o seu velho amigo Almeida Silvano, futuro professor do seminário de Lamego.
E numa sala do Palácio dos Coutinhos falou aos estudantes. Assim fundou a 1.ª Conferência Académica.
Ainda em 1844, contribuiu para a instituição em Lisboa do primeiro Conselho Particular da Sociedade em Portugal.  
Modelo vicentino, sem dúvida, porque o seu espírito vicentino motivou inúmeras vocações e adesões à Sociedade S. Vicente de Paulo.
Mas doente, perseguido pelas suas ideias, muito sofreu no Brasil, onde morreu em 1913.
Sofreu muito, lotou muito. Escreveu e trabalhou muito. Serviu muito. Amou muito.
Quando morreu tinha acabado de escrever as palavras – “Jesus Cristo”, esse Jesus simples, sem coroa, apenas servidor e amante dos pobres, como o de S. Vicente Paulo. Sena de Freitas, mais tarde, foi justamente e publicamente apreciado. Não só na Congregação dos Provinciais pelos Superiores, pela própria Igreja em que chegou a ser Cónego da Sé Patriarcal de Lisboa, como várias cartas e artigos a eles se referiram elogiosamente, em 19 de Dezembro de 1921, sido promovido pela Juventude Católica uma homenagem à memória do padre Sena de Freitas.
Finalmente, em 26 de Julho de 1968, foi elevado em Ponta Delgada, no jardim com o seu nome, uma estátua a este ilustre polígrafo açoriano.
José Joaquim Sena de Freitas, sem dúvidas modelo vicentino, imitado e seguido por tantos, sobretudo pelos que vieram a formar as Conferências de São Vicente de Paulo, que fundou, fez fundar, cuja o espírito vicentino propagador em Portugal, espírito até então desconhecido. 

Padre Sena de Freitas

Francisco Coutinho - Conde de Aljezur

Conde de Aljezur, fundador da SSVP no Brasil e em Portugal

A formidável história de vida do Conde de Aljezur e a importância dele para a SSVP do Brasil e de Portugal

Confrade Renato Lima (*)

Na caminhada vicentina, jamais podemos nos esquecer do legado deixado pelos fundadores da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP). Em 1833, em Paris (França), aqueles pioneiros – Ozanam, Bailly, Clavé, Devaux, Le Taillandier, Lallier e Lamache – receberam a inspiração divina de fundar essa obra maravilhosa, que vem produzindo incontáveis frutos de caridade, de conversão e de evangelização pelo mundo, até aos nossos dias.
Da mesma maneira, nos diversos países, devemos sempre fazer um resgate histórico, buscando identificar os primórdios da SSVP. No caso do Brasil e de Portugal, uma figura humana se sobressai: Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, mais conhecido como Conde de Aljezur. Vamos conhecer um pouco da história desse importante confrade, responsável pela fundação da Sociedade no Brasil e em Portugal. Um homem escolhido por Deus para espalhar o carisma vicentino em terras lusitanas e brasileiras.
Francisco Coutinho nasceu em 12 de setembro de 1820, na cidade do Rio de Janeiro (Brasil). Àquela altura, o país ainda não era uma nação independente (o que só aconteceria em 7 de setembro de 1822), e, portanto, Francisco Coutinho era cidadão português, nascido na então colônia Brasil. No dia 3 de junho de 1845, em Portugal, com 25 anos de idade, ele se casou com Maria Rita de Noronha (ela nascera na cidade de Tavira, em Portugal, em 21 de janeiro de 1826). O casal não teve filhos. 
Em 15 de setembro de 1858, por meio de decreto, o rei de Portugal, Dom Pedro V, concedeu o título de Viscondessa de Aljezur à senhora Maria Rita, e na mesma data, estendeu o título a Francisco Coutinho, que adotou a designação de Visconde de Aljezur. No Brasil, o imperador Dom Pedro II confirmou o título de visconde a Coutinho, por meio de portaria de 23 de dezembro de 1858. Mais tarde, em 10 de abril de 1878, Francisco Coutinho teve o título de visconde elevado à categoria de conde, em ambos os países. Como se percebe, ele detinha os mesmos títulos de nobreza, tanto em Portugal como no Brasil. 
Na concessão de títulos, os reis e imperadores escolhem nomes aleatórios, geralmente vilas, cidades ou acidentes geográficos (como lagos, rios, montanhas, vales e serras). Assim, a palavra “Aljezur” em Portugal tem duas origens: é uma pequena vila, na região do Algarve, atualmente com 6.000 habitantes; e é também nome de um rio (ou ribeira) que nasce na Serra de Monchique e deságua no Oceano Atlântico, na bela Praia da Amoreira. Dom Pedro V escolheu “Viscondessa de Aljezur” (para Dona Maria) e “Visconde de Aljezur” (para Francisco Coutinho) por mera liberalidade, sem nenhuma razão específica. “Aljezur” é uma palavra de origem árabe e significa “ilhas” (al jazair). “Al jazira” é o singular (“a ilha”). Em espanhol, “aljezur” pode ser traduzido como “Algeciras”. Do mesmo radical, surgiu a palavra Argélia.
Francisco Coutinho era funcionário da Coroa e servia ao Império do Brasil, desempenhando inúmeras funções, encargos e missões. Ele comandou, por exemplo, o 7º Corpo de Cavalaria da então Província do Rio de Janeiro, sediada na Vila de Iguaçu, região que hoje conhecemos como município de Nova Iguaçu. Ele também foi fidalgo de Dona Maria Leopoldina (Imperatriz do Brasil, a primeira esposa de Dom Pedro I), responsável contábil de Dona Amélia Augusta Eugênia Napoleona de Beauharnais (Imperatriz do Brasil, a segunda esposa de Dom Pedro I), e assessor direto do imperador Pedro II, chegando a acompanhá-lo até no exílio em Portugal, após a proclamação da República (em 15 de novembro de 1889). Coutinho foi companheiro inseparável de Dom Pedro II, sendo-lhe leal até a morte do monarca, em 1891. Depois, regressou ao Brasil e foi viver em Petrópolis, onde já havia se estabelecido durante o reinado de sua majestade imperial, Dom Pedro II.
No aspecto vicentino, Francisco Coutinho foi um dos fundadores (e 1º Vice-presidente) da Conferência “São Luís Rei de França”, da Igreja de São Luís dos Franceses, em Lisboa (Portugal), fundada em 31 de outubro de 1859, juntamente com o padre Joaquim José Sena de Freitas (CM), padre Emílio Eugênio Miel (CM), Conde de Samodães e outros. Ele também colaborou com o confrade francês M. Thiberge na fundação da Conferência “São Pedro”, a segunda em terras portuguesas, no Funchal (Madeira), em 1875. Francisco foi vice-presidente do Conselho Superior de Portugal, tendo ação de grande relevância.
No Brasil, juntamente com outros confrades (Pedro Fortes Marcondes Jobim, secretário, e Antônio Secioso Moreira de Sá, tesoureiro), fundou, em 4 de agosto de 1872, a Conferência “São José”, sendo o Visconde de Aljezur eleito o primeiro presidente de uma Conferência Vicentina em terras brasileiras. Vale ressaltar que, no momento da fundação da Conferência “São José”, o confrade Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho detinha o título de “visconde” (pois o grau de conde só lhe fora concedido em 1878, como já mencionado).
Após a morte de Dona Maria Rita, Francisco Coutinho contraiu novas núpcias, desta vez com Ana Carolina de Saldanha da Gama, nascida em 1º de agosto de 1834, no Rio de Janeiro. O casal não deixou descendentes. Francisco Coutinho possuía, também, inúmeras comendas, como a Ordem Sueca da Estrela Polar, Ordem de Cristo (no Brasil) e Ordem de São Gregório (na Itália). Uma curiosidade: em 12 de agosto de 1903, foi inaugurada a Estação Aljezur, em Nova Iguaçu (RJ), integrante da Linha Auxiliar da Estrada de Ferro Central do Brasil, em homenagem ao conde que possuía terras naquela localidade. Lamentavelmente, a Estação Aljezur encontra-se, desde 1996, abandonada, ocasião em que a referida linha férrea foi desativada.
O Conde de Aljezur, homem brilhante de dois continentes (América e Europa) e de duas nações irmãs (Brasil e Portugal), faleceu em 2 de abril de 1909, em Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro (Brasil), aos 99 anos de vida. Empregou toda a sua existência no exercício da caridade cristã. Peçamos a Deus pela alma deste memorável confrade, que fundou a SSVP em Portugal e no Brasil. Só podemos projetar o futuro se conhecermos o passado e se soubermos valorizar os nossos antepassados, desbravadores da história, que abriram as portas para a existência da Sociedade de São Vicente de Paulo pelo mundo. Que a memória, vida e biografia do confrade Francisco Coutinho seja amplamente difundida no seio da SSVP e da Família Vicentina!

(*) Renato Lima de Oliveira é o 16º Presidente Geral da SSVP (2016/2022).